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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: O Mistério desses Olhos (III)

DSousa, 30.03.07
Esse mistério dos olhos






Pode ler-se a tua vida
Num relance dos teus olhos...
Roseira, por mais florida,
Ninguém lhe esconde os abrolhos!








Meu ouvinte açoriano,
Põe cuidado ao teu olhar!
Nos olhos nunca há engano,
Mesmo tentem enganar!





Nem tempestade nem calma
Nada podem ocultar
Eles são espelho da alma

Tem cuidado ao teu olhar!


Coelho de Sousa: O Mistério desses Olhos (II)

DSousa, 28.03.07


Esse mistério dos olhos









Diz Diogo de Tovar:
São testemunhas os olhos,
Do que sente o coração.

Põe cuidado ao teu olhar!




"Eu antes quero
muda expressão.
Os lábios mentem,
os olhos não".






Disse o Bocage engenhoso
E Vicente de Areoso,
nota assim e tanto bem,
que não se engane ninguém:




"As palavras nunca dizem,
nunca conseguem dizer,
Metade que os olhos dizem
Que os olhos dizem, sem querer"







Não brilham mais as estrelas
do que uns olhos a brilhar....
Eles são da alma as janelas.

Põe cuidado ao teu olhar!


Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (XIII)

DSousa, 24.03.07



Dois Poemas num adeus



Adeus







Ouvinte açoriano,
Dentro de todo o ano
Novembro é o mês do adeus
Que mais custa em nossa vida...



É mês que lembra os mortos
A quem adeus por despedida
Nós dissemos a chorar!




Adeus meu Pai... minha mãe!
Meu irmão...minha irmã.
Meu parente... Meu amigo...
Vou convosco...Vou contigo...
Nas asas duma oração;
A minh'alma... o coração...



Té o dia do encontro...
Que o amor é terno laço
Que ao céu nos há-de levar
Para em Deus nos abraçar...



Na morte não finda a vida
Que a vida se transfigura
na mais excelsa ternura
Da glória eterna de Deus!



E é esta a doce vida
Que há-de ser a nossa vida!

Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (XII)

DSousa, 22.03.07


Dois Poemas num adeus



Adeus








Um adeus, terno desejo
De ficar e ir também...
A vida presa num beijo
do amor que alma tem!


Dizer adeus é a sorte
Do nascer até à morte



E tu e eu num adeus...
E toda a gente a partir...
A juventude a sorrir...
E a velhice sem q'rer ir!



Sonhos satisfeitos! Adeus!
Fecham-se os olhos: adeus!
Derradeira fala...adeus...
E a terra nos cala, adeus!

Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (XI)

DSousa, 20.03.07

Dois Poemas do adeus




Adeus








Foi só este o comentário
Que os pais fizeram um dia...
Não há cruz sem ter calvário,
Nem morte sem agonia!




E a luz também se apaga.
Não há ausência sem dor.
Um adeus outro adeus paga
nas dívidas do amor...




Há-de vir um dia então
Em que junto do caixão
O adeus é mais pungente...
Adeus mãe... E pai adeus...
Hão-de dizer-nos de frente
Até nos verem nos céus!



Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (X)

DSousa, 18.03.07



Dois Poemas num adeus



Adeus








Adeus Mãe! E adeus Pai!

Ai!

A sedução do dinheiro.
O menino é marinheiro
Foi-se embora... Embarcou...
Num adeus os pais deixou!




Vem um dia lá da América
Carta cheia de saudades:





Da pena lancei a mão
p'ra vos saber da saúde,
Mais cedo ainda não pude,
Não deixou meu coração.




A saudade, amargo fel,
tortura-me com prazer.
E o pranto alaga o papel,
Quando vos vou escrever...



Mesmo esta que aí vai
Quanto pranto ela recolhe!...
É como chuva que cai,
não passando que não molhe...



Uma só palavra diz
toda a minha saudade...
Adeus! Mil vezes adeus!
É esta a pura verdade!




Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (IX)

DSousa, 16.03.07

Dois Poemas num Adeus




Adeus









Quando a filha chega a casa
E a mãe vai por beijá-la...
Diz a filha, a cara em brasa,
mastigando cada fala:








Minha mãe, é hoje o dia
Do Manuel me vir pedir...





E a mãe chora a repetir,
Dizes-me adeus, oh! Maria...
Foi assim o que eu já fiz...
Pois adeus... e sê feliz...



E o adeus do casamento,
Não tardou... Foi um momento!


Adeus!  Adeus!

Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (VIII)

DSousa, 14.03.07

Dois Poemas num Adeus



Adeus










Ficou-se em casa linda filha...
Dobam linhas os seus dedos...
Que renda! Que maravilha!
Mas traz na alma segredos...




É um domingo de festa...
E a Maria tão modesta
Tem um vestido riscado
De tafetá em xadrez...



À esquina o namorado,
Nervoso - (A primeira vez!..)
- Adeus! Maria! E então?
Sempre é meu teu coração?
-É claro! Vamos embora!



Um outro adeus, nasce agora,
a caminho da Igreja...





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