Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: O Peregrino (XII)

DSousa, 31.07.07


             O Peregrino


                  (XII)









E Roma eterna recebeu
Com palmas e festões
e mil carinhos
O peregrino dos caminhos
do saber de Deus!


E o Papa lhe mandou
rever a Bíblia...
E também a inveja
com a vil perfídia
o martirizou...
E até dentro da Igreja
o mal o perseguiu.

Jurou... Jurou...
Cumpriu...
De novo peregrino,
diz adeus a Roma, e fugiu...
para não voltar..




Coelho de Sousa: O Peregrino (XI)

DSousa, 29.07.07

              O Peregrino


                   (XI)








É peregrino... o herói...
Voltou para as cidades.
E a Constantinopla, um dia também foi...





Aqui Gregório Nazianzo
erudição a par
E ele o peregrino
que não traz destino
aceita o seu pensar
e abre ao Ocidente
tesoiros de saber
guardados nos infólios do Oriente...


Um Papa Lusitano reina em Roma,
E todo o mundo sabe já a soma
de quanto o peregrino aprendeu.






Coelho de Sousa: O Peregrino (X)

DSousa, 27.07.07

    O Peregrino

         (X)






É mesa de escrever, a pedra.
É cama de dormir, a pedra.
O travesseiro é pedra.
E pedra... a pedra de bater no peito...

Que é negro o corpo e já desfeito
 em tanto sacrifício e dor.
E, no entanto, a carne engendra
em mal a tentação...

O coração
está no ceu...
Somente a doida imaginação
não envelheceu
e lembra o lupanar de Roma
e quanto aroma
embriagou a   juventude,
mau grado as juras de virtude...

Coelho de Sousa: O Peregrino (IX)

DSousa, 25.07.07

       O Peregrino


             (IX)







E novamente a jura...
Essa paixão de ler...
Compreender a Escritura.

Jesus,
o Verbo ardente
que deixaste à gente
em páginas de lume
há-de ser perfume
em letras de latim.

É muito para mim
que eu não valho nada
mas hei-de ser o tradutor
do teu amor,
no Ocidente...

À fonte, à tua língua amada
hei-de ir beber profundo
e há-de, depois, ir comigo... o mundo.

Serei o tradutor
do teu amor
no Ocidente...




Coelho de Sousa: O Peregrino (VIII)

DSousa, 23.07.07

             O Peregrino



                    (VIII)







Além de Antioquia...
Além do mundo aberto
a todo o mal...
Além naquele deserto
A vida monacal,
De Deus na companhia.



Jardins de sua casa,
e lauta a sua mesa
e o lume que abrasa.
As letras e a grandeza,
tudo foi embora...

Agora
é outra a sua paixão
sonhar... e escrever
na solidão
doce viver
de Paulo e Marco e Hilarião




Coelho de Sousa: O Peregrino (VII)

DSousa, 21.07.07

             O Peregrino



                   (VII)







E ele... foge... foge...
Há pedradas pelo ar...
Não o querem no seu lar
os irmãos do Lupicino...

Mais longe. Muito mais longe...
Pois é este o teu destino!


E foi...É cumprido o juramento.
Não há caminho nem tempo
que se não possa vencer...



Aqui Atenas!
E não apenas
O velho Partenon e mais o Areópago.
É peregrino
e o seu destino
será bem pago.





Coelho de Sousa: O Peregrino (VI)

DSousa, 19.07.07


O Peregrino


(VI)








E ele jurou... e cumpriu...
E deixou Roma e fugiu...

E fez-se o peregrino do Senhor
após aquele dia que o seu amor
se fez a companhia dentro da terra,
nas catacumbas.

Anda a tua alma tão cheia
de vida nova
que de Tréveris a Aquileia,
ânsia eterna se renova
Mais longe... muito mais longe!

Foge... Foge...



Viera da Dalmácia antiga...
A sua terra natal: Estridão...
Mas não haverá quem consiga
que a cidade, o coração
dê a Deus que está no ceu
Pois há muito que já o deu
ao Deus que traz na barriga...

Coelho de Sousa: O Peregrino (V)

DSousa, 17.07.07

   O Peregrino


(V)






Senhor, eu juro:
Hei-de ser puro.

E como fora incenso a minha vida
Hei-de queimá-la grão a grão em teu altar...

Senhor, esse Verbo ardente
que deixaste à gente
em páginas de lume
há-de ser perfume
em letras de latim...
Serei o tradutor
do teu amor
no Ocidente...

Senhor eu juro... Eu vou...
Sou teu... teu... teu...Sou!


Coelho de Sousa: O Peregrino (IV)

DSousa, 15.07.07

                 O Peregrino



                (IV)







À volta desta pedra... amigo...
nasceram mil vitórias

No Coliseu.

Nos tribunais!

Vem, Eternas glórias, não pares mais

Vem   comigo

Da terra  ao ceu,

Abre essa mão
e apanha desse chão
das catacumbas
a terra que é sagrada,
assim erguida,
ara beijada...

Jura... Jura pala tua vida
Serei de Deus!
Serei...
E deixarei
os versos de Virgílio,
de Plauto e Tito Lívio
Quintiliano e tudo.

Meu Deus irei...
Que alívio!
Além de Roma
e mais suas mulheres...
Além dos vinte anos com os seus prazeres...

Irei, Senhor... Eu vou




Coelho de Sousa: O Peregrino (III)

DSousa, 13.07.07


                 O Peregrino


                        (III)





Vem daí, comigo.

Porque há-de ser somente após a morte
que à terra hás-de pedir abrigo?

À volta desta pedra, a caridade ardeu em  ágapes do ceu...

Aqui Sebastião se armou o cavaleiro
Que as setas não venceram.

Daqui Inês levou branco cordeiro.
E Filomena a força a que prenderam
as âncoras do mal que a não mancharam...


Aqui se alimentaram,
tantos, tantos... Que a cidade que pediu
pão e jogo
não sabia que às vezes
não é o muito fogo
que mata o frio,
nem a mesa cheia que nos mata a fome.


O Pão! Aquele pão dos fortes!
E o fogo! cujo calor,
por ser de amor,
jamais consome!
É a vida além das mortes.




Pág. 1/2