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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: O Grande Amor (VII)

DSousa, 30.08.07



(VII)




Foi Casimiro de Abreu
Que bem de ti escreveu:


Da pátria  formosa distante e saudoso
chorando e gemendo meus cantos de dor,
Eu guardo no peito a imagem querida
do mais verdadeiro, do mais santo amor:

Minha mãe!


Nas horas calmas das noites de estio
Sentado, sozinho, com a face na mão,
Eu choro e soluço por quem me chama
o filho querido do coração:

Minha mãe!


No berço, pendente dos ramos floridos,
Em que eu, pequenino, feliz, dormitava,
Quem é que esse berço, com todo o cuidado,
cantando cantigas, alegre embalava?


Minha Mãe!


Feliz o filho que pode, contente,
Na casa paterna, de noite e de dia,
Sentir as carícias do anjo de amores,
da estrela brilhante que a vida nos guia:


Minha mãe!



Por isso eu, agora, na terra do exílio,
Sentado, sozinho, co'a face na mão,
Suspiro e soluço por quem me chamava:
Oh! filho querido do meu coração!


Minha mãe!




 

Coelho de Sousa: O Grande Amor (V)

DSousa, 26.08.07



(V)








Dorme, dorme, meu menino...
Foi-se o sol. Nasceu a lua.
Qual será o teu destino?
Que sorte será a tua?



Se um crime tens de fazer,
Antes fique vago um trono
Antes um palácio a arder,
que uma enxada sem dono...



Se, porém, no teu destino,
Há tão cruentos sinais,
Dorme, dorme, meu menino,
Não tornes a acordar mais!





Coelho de Sousa: O Grande Amor (IV)

DSousa, 24.08.07



(IV)





Mas se o oiro é mau caminho,
Antes tu venhas a ser
o pobre mais pobrezinho
De quantos pobres houver.


Iremos por esses montes
Altos e azuis como os ceus...
Que onde há frutos e onde há fontes
Está a mesa de Deus!


E quando a neve cair
E as seivas adormecerem,
Iremos então pedir...
Aceitar o que nos derem!

Andaremos à mercê
dos génios bons e dos falsos,
Léguas e léguas a pé,
Rotinhos, magros, descalços..

E onde houver urzes e tojos,
Pedras que rasgam a pele,
Porei o corpo de rojos,
Passarão por cima dele!






Coelho de Sousa: O Grande Amor (III)

DSousa, 22.08.07



(III)





A celebrar teu encanto
ceus e fontes de anil,
Foi o grande Augusto Gil
Que em teus lábios este canto
pôs um dia em graças mil;

Embalavas o teu filho
Tinhas posto nele o brilho
Dos teus olhos e a tua alma
Num anseio, branda e calma:


Tocam às avé-marias.
Foi-se o sol. Não vem a lua.
Luzinha que me alumias,
que sorte será a tua?

Riquezas tenhas tão grandes,
E tal bondade também,
Que ao redor donde tu andes
Não fique pobre ninguém.

Que a todos chegue a ventura.
Toda a boca tenha pão,
Toda a nudez cobertura,
Toda a dor consolação....



Coelho de Sousa: O Grande Amor (II)

DSousa, 20.08.07


O Grande Amor

(II)





Mães! Mães!
Tesouro de infinitos bens,
Para vós a homenagem da nossa gratidão...
Neste  1º  dia
da oitava da Conceição!
Que é a festa também
da nossa querida mãe,
da terra!


Este soneto que ouviste
É
dum poeta negro
de S. Tomé

Costa Alegre...


Querida mãe que escutais,
em paga do teu amor,
teu carinho, teus ais,
tua alegria ou dor,
Irei, livro a livro, buscar
Dos poetas, doce cantar.









Coelho de Sousa: O Grande Amor (I)

DSousa, 18.08.07


O Grande Amor

(I)




Há fogo numa casa, à beira do caminho.
O bom povo d'aldeia em ondas se aglomera;
Com medo vão fugindo as aves para o ninho;
aumenta mais e mais a subida cratera.


Ouve-se uma voz rouca, em tom desesperado:
-"Oh! salva-te mulher! É livre ainda a porta.
Não sejas avarenta: o cofre pouco importa;
Todo o valor que tinha eu tenho aqui guardado."


Branca como um fantasma, aflita, desgrenhada,
lá surge uma mulher daquela enorme chama,
levantando nas mãos o seu filhinho loiro,


Que mostra à multidão atónita, pasmada;
e, fitando o marido, altivamente exclama:
- Sou avarenta, sou! Contempla o meu tesouro!



Coelho de Sousa: Oito Palavras de Guerra (II)

DSousa, 14.08.07



(II)




Vai sobre a montanha eleita
Carne em dor, alma desfeita,
Ao umbral da vil desgraça.
E então escuta e espera
palavras de primavera,
na revolução da graça


Ouvinte açoriano, porque esperas,
tal como fazem as eras?
Inda te prendes a ti?
Porque te ficas aí,
onde estás
e não vais buscar a paz
que te falta no teu ser?




Nota: Como se pode constatar pela cópia do manuscrito, o texto intercalava as 8 bem aventuranças do  "Mendigo de Deus", de Moreira das Neves, pag.92, que não consegui  encontrar para transcrever.





Coelho de Sousa: Oito Palavras de Guerra (I)

DSousa, 12.08.07



(I)
               




Ouvinte açoriano,
mais uma vez na tua casa
a chama deste programa...
E deixai que ele arda em brasa
nesta ideia que o inflama:

A vida! A vida! é para ti!


Se tu quiseres, ninguém
te há-de roubar esta vida.
Vive-a na luz e no bem
Que a verdade é a guarida
onde a vida, a vida tem...

Podes trazê-la pautada,
Deves trazê-la marcada,
pelo Verbo da verdade:

Uma palavra, do nada
Fez a terra e a tua alma
O teu corpo e a imensidade!
8 palavras de guerra
Trazem de Deus sobre a terra
a doce paz e a calma...


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