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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: O Peregrino (X)

DSousa, 27.07.07

    O Peregrino

         (X)






É mesa de escrever, a pedra.
É cama de dormir, a pedra.
O travesseiro é pedra.
E pedra... a pedra de bater no peito...

Que é negro o corpo e já desfeito
 em tanto sacrifício e dor.
E, no entanto, a carne engendra
em mal a tentação...

O coração
está no ceu...
Somente a doida imaginação
não envelheceu
e lembra o lupanar de Roma
e quanto aroma
embriagou a   juventude,
mau grado as juras de virtude...

Coelho de Sousa: O Peregrino (IX)

DSousa, 25.07.07

       O Peregrino


             (IX)







E novamente a jura...
Essa paixão de ler...
Compreender a Escritura.

Jesus,
o Verbo ardente
que deixaste à gente
em páginas de lume
há-de ser perfume
em letras de latim.

É muito para mim
que eu não valho nada
mas hei-de ser o tradutor
do teu amor,
no Ocidente...

À fonte, à tua língua amada
hei-de ir beber profundo
e há-de, depois, ir comigo... o mundo.

Serei o tradutor
do teu amor
no Ocidente...




Coelho de Sousa: O Peregrino (VIII)

DSousa, 23.07.07

             O Peregrino



                    (VIII)







Além de Antioquia...
Além do mundo aberto
a todo o mal...
Além naquele deserto
A vida monacal,
De Deus na companhia.



Jardins de sua casa,
e lauta a sua mesa
e o lume que abrasa.
As letras e a grandeza,
tudo foi embora...

Agora
é outra a sua paixão
sonhar... e escrever
na solidão
doce viver
de Paulo e Marco e Hilarião




Coelho de Sousa: O Peregrino (VII)

DSousa, 21.07.07

             O Peregrino



                   (VII)







E ele... foge... foge...
Há pedradas pelo ar...
Não o querem no seu lar
os irmãos do Lupicino...

Mais longe. Muito mais longe...
Pois é este o teu destino!


E foi...É cumprido o juramento.
Não há caminho nem tempo
que se não possa vencer...



Aqui Atenas!
E não apenas
O velho Partenon e mais o Areópago.
É peregrino
e o seu destino
será bem pago.





Coelho de Sousa: O Peregrino (VI)

DSousa, 19.07.07


O Peregrino


(VI)








E ele jurou... e cumpriu...
E deixou Roma e fugiu...

E fez-se o peregrino do Senhor
após aquele dia que o seu amor
se fez a companhia dentro da terra,
nas catacumbas.

Anda a tua alma tão cheia
de vida nova
que de Tréveris a Aquileia,
ânsia eterna se renova
Mais longe... muito mais longe!

Foge... Foge...



Viera da Dalmácia antiga...
A sua terra natal: Estridão...
Mas não haverá quem consiga
que a cidade, o coração
dê a Deus que está no ceu
Pois há muito que já o deu
ao Deus que traz na barriga...

Coelho de Sousa: O Peregrino (V)

DSousa, 17.07.07

   O Peregrino


(V)






Senhor, eu juro:
Hei-de ser puro.

E como fora incenso a minha vida
Hei-de queimá-la grão a grão em teu altar...

Senhor, esse Verbo ardente
que deixaste à gente
em páginas de lume
há-de ser perfume
em letras de latim...
Serei o tradutor
do teu amor
no Ocidente...

Senhor eu juro... Eu vou...
Sou teu... teu... teu...Sou!


Coelho de Sousa: O Peregrino (IV)

DSousa, 15.07.07

                 O Peregrino



                (IV)







À volta desta pedra... amigo...
nasceram mil vitórias

No Coliseu.

Nos tribunais!

Vem, Eternas glórias, não pares mais

Vem   comigo

Da terra  ao ceu,

Abre essa mão
e apanha desse chão
das catacumbas
a terra que é sagrada,
assim erguida,
ara beijada...

Jura... Jura pala tua vida
Serei de Deus!
Serei...
E deixarei
os versos de Virgílio,
de Plauto e Tito Lívio
Quintiliano e tudo.

Meu Deus irei...
Que alívio!
Além de Roma
e mais suas mulheres...
Além dos vinte anos com os seus prazeres...

Irei, Senhor... Eu vou