Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: O Peregrino (III)

DSousa, 13.07.07


                 O Peregrino


                        (III)





Vem daí, comigo.

Porque há-de ser somente após a morte
que à terra hás-de pedir abrigo?

À volta desta pedra, a caridade ardeu em  ágapes do ceu...

Aqui Sebastião se armou o cavaleiro
Que as setas não venceram.

Daqui Inês levou branco cordeiro.
E Filomena a força a que prenderam
as âncoras do mal que a não mancharam...


Aqui se alimentaram,
tantos, tantos... Que a cidade que pediu
pão e jogo
não sabia que às vezes
não é o muito fogo
que mata o frio,
nem a mesa cheia que nos mata a fome.


O Pão! Aquele pão dos fortes!
E o fogo! cujo calor,
por ser de amor,
jamais consome!
É a vida além das mortes.




Coelho de Sousa: O Peregrino (II)

DSousa, 11.07.07
 O Peregrino


         (II)






- Vem, não tenhas medo...

Ai que bem me sinto
neste labirinto
que não tem segredo
há muito para mim...

Sim!
Imenso! Este poder imenso
que ás feras deu vencida,
ao fogo e à forca,
alforge e cruz!

Imenso! Este poder imenso
É luz,
é vida.

- Repara nesta pedra, a grelha desenhada.
E lê o nome de Lourenço!

- Aqui é tudo... o mundo é nada.
Isto,
a tumba de Calixto
O grande herói...

E lê milhares e milhões,
as legiões
de quantos foram por aquele que foi
No abraço de uma cruz...
E é eternamente
o bom Jesus!

Coelho de Sousa: O Peregrino (I)

DSousa, 09.07.07


              O Peregrino

               (I)





Vem... Não tenhas medo.
Já passei por aqui tanta vez...

E já fiquei aqui tantas horas sozinho...
E sempre a mesma a luz daqui e... do caminho...

Olha... repara... não vês?


Além naquela pedra... aquele rochedo
as letras cor de sangue e a luz a arder?

- Sim... E ?
- Vem daí.

Não estejas a tremer...
Já leste o nome? É bom esse sorriso...

Então inda tens medo? Ele é Tarciso.
Já vês que estamos bem acompanhados...

Tarciso... o das pedradas... Que levava
O Sol dentro do peito sob as suas mãos...

- Espera... E esta lousa esconde,
aquela que morreu, onde?
Um dia?
E que tocava
angelicais acordãos
em divinais teclados?

Cecília...