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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: 1 de Dezembro, agora (VI e último)

DSousa, 17.12.07


(VI)







Não cede à vil ganância a Pátria Lusa
nem junto de Carmona a sua alma acaba...
Em vales de Quitexe liberta e não  confusa
Entrou triunfante: heróis do mar, Mucaba...

É duro este penar, este calvário é longo...
Oh! mães que estais chorando os filhos do amor...
Deixai-os avançar, vencer em Nambuangongo
E a Pátria será livre, enorme o seu valor!

Eu sei que a vossa dor é grande e não consola

Um verso que mal soa em onda mal ouvida...
Mas neles e por eles é que é nossa Angola
E sobre a morte horrível já triunfa a vida...

Eles são como os quarenta da manhã

que deu a Portugal tamanha glória.
E cada mãe agora é qual Vilhena mãe
Que aos filhos arma cavaleiros para a vitória.




Um de Dezembro agora,como um dia foi
Restauração da vida, a glória sem igual.
É cada filho vosso  um português herói
A quem se deve unido, eterno Portugal...


O mundo há-de saber que não morreu ainda,
quem nunca há-de morrer é esta lusa gente.
Angola é nossa, é muito nossa, Angola infinda,

Que a Pátria portuguesa vive eternamente.

Coelho de Sousa: 1 de Dezembro, agora (V)

DSousa, 15.12.07




(V)






O sangue dos heróis não se extinguiu
em brumas de passado esmaecido.
Quem há que ainda agora o não sentiu
em rasgos de valor enaltecido?

Vieram sobre nós os lobos da desgraça
E chacinaram corpos, vitimaram gentes.
Horror de fogo e morte, a linda Angola passa.
Mas a alma não se mata. E são veementes

Os gritos de arraial erguidos povo a povo,
Que o mundo todo, todo, os escutou vibrando.
Aqui é Portugal. Ressuscitou de novo
O génio português em glória a triunfando.

E nem a vala aberta a marcha lhe impediu.
E nem o tronco enorme o passo lhe tolheu.
Além denso capim o grito retiniu,
E à Pedra Verde, esp'rança a Pátria enalteceu.

Coelho de Sousa: 1 de Dezembro, agora (IV)

DSousa, 13.12.07




(IV)


(




A terra era pequena por guardar
Tal ânsia de grandeza nobre e leal.
E foi o céu aberto, heróis do ar
Que fez maior ainda Portugal!


Se outrora a heroicidade portuguesa
Cruzou dum pólo ao outro todo o mar,
Agora, são heróis de igual firmeza
Cruzando aos quatro ventos pelo ar.

Outrora foi a cruz das caravelas,
A dilatar o Império e a Fé em Deus,
Agora a mesma cruz sobe às estrelas.
Nas asas de aviões dominas os céus!


Oh! raça lusitana, oh! gente forte,
Ganhando em mil batalhas, mil vitórias,
Por terra e mar e ar, embora a morte,
és grande e nobre. Aqui as nossas glórias.




Coelho de Sousa: 1 de Dezembro agora (II)

DSousa, 09.12.07





(II)






Oh! Pátria mãe querida, aqui te ofereço
o preito meu, humilde mas sincero.
É pouco. É muito pouco o que ora dar-te quero:
Uns versos mal rimados que aceites, peço.

Afonso, o rei primeiro te fundou
no sangue de heroísmos sem rival.
Senhora da Oliveira abençoou
Condado que, pequeno, é Portugal.

E o teu caminho é sul, além do Tejo.
Não basta a cruz de Ourique a Santarém.
Depois deste desejo, outro desejo,
Lisboa! Alcácer ! Faro, o mais que vem.

Algarve dos Algarves, tudo nosso.
Santa Maria é mãe. De porta aberta
Ficou-se agora a África. O alvoroço
De Aljubarrota nado, a alma desperta.

Não foi adormecido no burel
O génio duma raça aventureira.
O mar é rumo certo ao seu laurel,
à espada de D. Nuno, a terra inteira.


Oh! Tágides sonhando glória insana,
Heróis do mar fechado, áureo e fecundo,
as velas  vão se ao largo. É lusitana
a gente que dá mundo mais ao mundo.