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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Saudades

DSousa, 30.10.08

 

 

 


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Saudades

 

Uma saudade ficou

perdida dentro de mim.

Nunca vi saudade assim
Quem seria que a encontrou?

 




Foi no mar que se perdeu?
(É um mar que eu tenho em mim?)
Nunca vi saudade assim
Se alguém a achou, não ma deu!

 

 

Saudade, sempre perdida
Perdida dentro de mim
Nunca vi saudade assim!
Saudade da minha vida...
 

 

 

Pergunto aos cardos e à bruma
Se a encontraram dentro em mim?
Respondem: Saudade assim
Não se encontra em parte alguma!

 

 

 

E no entanto é verdade
Perdeu-se dentro de mim
Nunca vi saudade assim
Saudade doutra saudade!

 

 

 

S. Rafael 9-II-956

Coelho de Sousa : Saudades

DSousa, 04.09.08

 

 

 


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Da tinta dos teus olhos, incolor,
Pintou a saudade um quadro lindo.

A pinceladas mansas de aguarela
Pintou-se na minha alma o teu retrato!

Partiste e nunca mais te vi. Disseste:

"Hei-de escrever". Mentiste. Ainda espero
Na tua carta a tinta dos teus olhos.

Talvez que o sal do mar seja essa tinta
E a sua voz que seja a tua carta!

Saudades sobre as ondas, andam muitas
Talvez que estejam lá também as tuas,
A debater-se em vão de encontro às minhas.
Que as minhas vão num verso muito além
Das águas e do céu...
Vão num poema,
Variação do tema : Saudade!

 

 

Domingo Ressurreição 1954

 


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Coelho de Sousa: Devaneio (III)

DSousa, 17.06.08

 

 

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No alto duma cúpula erguida
Na trama de arcos góticos, esguios,
Está, braços abertos, uma cruz...

 

 

No chão do claustro, a sombra dela estendida,

É cruz maior que a cruz da minha vida!

 

 

Ajoelho e beijo a terra da cruz sombreada,

(No claustro da saudade,
É cruz a saudade...)

E ouço alguém dizer muito baixinho:
(É a saudade...)

"Ávante! Ávante!
Assim de rastos
É esse o teu caminho"

 

 

No claustro da saudade ainda estou sonhando ainda

 

 

Sonha minh'alma
Que o sonho é vida...
A noite é calma.
Sonhar convida!

 

 

Salamanca   31-10-952

 

 

 


 

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Coelho de Sousa: Devaneio (II)

DSousa, 15.06.08

 

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No claustro da saudade,quantos monges
tão rezado horas a sonhar?

(Eu sonho horas a chorar!
Que pranto  é doce e alaga o coração...
E eu creio que os meus olhos não sabem  rezar
senão outra oração...)

 

Sonha minh'alma
Sonha... Sonha...

 

O luar tudo branqueia em mar de luz:
As balaustradas carcomidas,

Esgares de caretas variadas,
Anjinhos que suportam as arcadas.
As ervas lá no fundo escondidas.
Assim como os tijolos já gastinhos
dos passos miudinhos
Dos monges e fradinhos
Que a sós viveram
E sós morreram
No claustro da Saudade...

 

 

 


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Coelho de Sousa: Saudades...

DSousa, 02.06.08

 

 

 

 

 

"Longe do lar
Loge dos meus".
Não tem cor o mar
Nem tão pouco os céus!

 

 

Tudo é estranho
Tudo é diferente!
Não sei o que tenho
O que a alma sente...

 

 

Creio que, sim,
Será verdade:
O que sinto em mim
É pura saudade!

 

 

 

....   ....   ....   .....   .....

 

....   .....  .....  ....   ....

 

Saudades! Saudades!
Eterna saudade!...

 

 

 

Salamanca 26-X-952

 

 

 

Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (VI)

DSousa, 06.03.08


















Os olhos são menos verdes.
Está cortado o cabelo,
E no corpo vai a farda.
Assentou praça no castelo.


Tu não chores minha mãe
Meus irmãos te alegrarão.
Hei-de voltar qualquer dia.
Já sou grande e já sou forte.
Quero lutar e vencer
Por amor da nossa terra.

Dizes bem meu rico filho
Eu te ofereço generosa
Mas ninguém pode evitar
Que chore a tua partida...

Teus irmãos ficam comigo,
Mas teu lugar é  vazio...
Ficas no meu coração...
 É a saudade que chora.


Coelho de Sousa: Saudade

DSousa, 16.02.08



Saudade



Uma saudade ficou
Perdida dentro de mim.
Nunca vi saudade assim!
Quem seria que a encontrou?

Foi no mar que se perdeu
(É um mar que tenho em mim)
Nunca vi saudade assim
Se alguém achou, não ma deu!

Saudade sempre perdida,
Perdida dentro de mim!
Nunca vi saudade assim,
Saudade da minha vida.

Pergunto aos cardos, à bruma,
Se a encontraram dentro em mim?
Responderam:Saudade assim,
Não se encontra em parte alguma

E no entanto é verdade:
Perdeu-se dentro de mim.
Nunca vi saudade assim
Saudade doutra saudade!




Nota: Resolvi introduzir este poema aqui, pelo seu tema.
Com efeito, datando de 1956, portanto, meia dúzia de anos antes dos poemas do caderno que tenho vindo a publicar, a sua temática e conteúdo são paralelos aos do caderno.
Até parece um sumário condensado, e de grande inspiração e beleza formal,  do tema que Coelho de Sousa desenvolveria, anos depois, aos microfones do Rádio Clube de Angra. Curiosamente ainda, encontrava-se entre as páginas deste caderno, com o formato de um postal ou ficha.
Ou por simples acaso, ou, quem sabe, porque Coelho de Sousa o terá utilizado como mote, que desenvolveu anos depois.


Coelho de Sousa: Do Mar e da Saudade (X e último)

DSousa, 14.02.08




DO MAR E DA SAUDADE ( X e último)








Ah! se ao menos eu soubera
A saudade sublimar!
Era o céu em vez do mar
E a vida só Primavera!


Saudade, tanta saudade!
As saudades que eu senti
Da "vida que é para ti"
E será felicidade!


Se para a razão é a verdade,
E para o amor é a queixa
A saudade não me deixa
Nem eu deixo a saudade.


Nesta vida, a saudade
Nunca mais há-de acabar
Como não se acaba  o mar
A não ser na eternidade.

Saudade! Tanta Saudade!
As saudades que eu senti!
Até da "vida é para ti"
Eu já sinto saudade...




Coelho de Sousa: Do Mar e da Saudade (IX)

DSousa, 12.02.08




DO MAR E DA SAUDADE (IX)



Essa distância é de mar
Onda a onda o amargor,
Infindo, imenso o amor
Sem a presença tocar...


A saudade não termina
Como não se acaba o amor...
É mar, é sal-amargor
Esta saudade mofina.


Indesejável que seja,
A saudade ou a censura,
Não a quero... Mas procuro
Como um bem que se deseja.



E fica a vida um duelo,
Um tormento sem proveito
Campo aberto, o ser desfeito
Amargo amor e desvelo.