Coelho de Sousa: E não podia calar-se (VIII)
E não podia calar-se
Essa cabeça aqui deixai tombar..
Que nada me contenta mais que isto...
E, depois desta, anseio só cortar...
Aquela do que dizem ser o Cristo!...
E terminou assim, na terra, a luz
Que, à beira do deserto se acendeu!
Exacta a profecia de Jesus...
Mas se João Baptista assim morreu,
O verbo seu ainda não calou...
O fogo do amor não se extinguiu...
Na ara do martírio, ao céu voou,
E muito mais luz no céu fulgiu.
Quem morreu assim, não perde nunca a vida...
E encontra em Deus a fronte coroada.
Que embora o mundo a julgue ter perdida...
A vida em Deus se tem assaz guardada...