Terça-feira, 11 de Setembro de 2007
Coelho de Sousa: O Grande Amor (XIII)

(
XIII)

Por todos eu orava e por todos eu pedia:
Pelos mortos no horror da terra negra e fria,
Por todas as paixões e por todas as mágoas;
Pelos míseros que entre os uivos das procelas
Vão em noite sem lua e num barco sem velas,
Errantes através do turbilhão das águas...
O meu coração puro, imaculado e santo
Ia ao trono de Deus pedir, como inda vai,
Para toda a nudez um pano do seu manto,
Para toda a miséria o orvalho do seu pranto
E para todo o crime o seu perdão de pai!...
A minha mãe faltou-me era eu pequenino:
Mas da sua piedade, o fulgor diamantino
Ficou sempre abençoando a minha vida inteira
Como junto de um leão um sorriso divino
Como sobre uma forca um ramo de oliveira.