Coelho de Sousa: O Grande Amor (XV e último)
DSousa, 15.09.07
(XV)
Oh! Santas, que embalais o berço das crianças:
E assim lho revestis de flóreas esperanças;
Que andais sempre a cuidar das almas por abrir,
E a verter-lhes no seio o gérmen do porvir!
Sois vós que, pela mão, da glória à vida infinita,
Levais um vosso filho, um pálido profeta,
Que é Newton ou Petrarca, Ângelo ou Rafael,
Com o pincel ou pena, o compasso e o cinzel,
Fazendo enobrecer quem lhe seguir o exemplo,
Sois vós quem o conduzis aos pórticos do templo
Onde o porvir coroa os génios imortais,
E, mal chegados lá, de todo o abandonais,
Sem aguardar sequer nas sombras de uma arcada
A grande aclamação que lhe festeja a entrada
E - modestas que sois - voltais ao vosso lar
E só vos contentais em vê-lo atravessar
- C'roada de laureis a fronte cismadora
Um arco triunfal que o cerca de uma aurora...
Mas, nós, cabeças vãs, escravos do amor,
Andamos a dizer: Beatriz! Leonor!
E o nome vosso, oh! mães, não lembra um só instante!
Quem sabe o vosso nome, oh! mães de Tasso e Dante?
Oh! santas, perdoai! Lá tendes o Senhor
A cobrir-vos de luz, de bençãos e de amor,
Fazendo abrir ao sol as vossas esperanças
Oh! Santas embalai o berço das crianças.