Coelho de Sousa: Aquele Adeus era de Irmãos (VIII)
DSousa, 27.10.07
(VIII)
Ela
Irmão Bento,
Espera a noite que vem
E quando for já manhã,
irás de vez ao convento...
Repara,
Como vai tão alta a lua
em sua esteira de luz...
E não vês como as estrelas
(coisa rara,
muito embora a tempestade)
Desenharam nas alturas
siderais e sempre belas,
Uma cruz
maior que a tua e a minha...
(tempestade)
No entanto, Irmão Bento,
Eu não te prendo.
Caminha.
Eu bem sei ser mal horrendo
não voltar pela tardinha
para as grades do convento...
Mas é enorme a tempestade..
E Deus por certo não há-de
Castigar a tua ausência...
Que o amor do nosso encontro
não é desobediência.
Para a maioria dos leitores que não terão conhecimento dos factos que estão na origem deste texto de Coelho de Sousa, aqui se reproduzem, tal como vêm descritos na Enciclopédia Verbo:
"Santa Escolástica,Monja, irmã de São Bento (c.480-c.547) Segundo os "Diálogos" de São Gregório Magno, teria sido consagrada à vida religiosa desde a infância, e veio a habitar com outras monjas perto do Mosteiro de Monte Cassino. Encontrava-se de vez em quando com o irmão para conversarem de assuntos espirituais. Numa ocasião obteve do céu uma tempestade para prolongar o colóquio espiritual. Três dias depois, São Bento viu a sua alma subir aos Céu em forma de pomba, e mandou enterrá-la no seu próprio túmulo".