Coelho de Sousa: É uma nuvem
DSousa, 23.02.08
É uma nuvem...
É uma nuvem trágica, infernal,
Que vem e que se apossa do meu ser.
O corpo fica lasso com o mal
E a alma negra e fria a apodrecer.
Não há nem mais a mente para entender
Que a terra é tanta, a fúria é tal
Que o Verbo já não é. E para ver
Os olhos são de múmia espectral.
Envolta nos panais da ingratidão,
Mirrada dia a dia ao gosto vão
Do ser-não-ser como em delírio.
Oh Deus, como o arminho que da lama foge
Queria eu fugir da nuvem negra de hoje...
Ma seu sou eu. E a nuvem é o meu martírio.