Coelho de Sousa: O Homem que não Cabia Dentro do Padre (I)
(Texto do Professor Doutor Manuel Luís Fagundes Duarte, utilizado na sessão comemorativa do 10º aniversário da morte (2/9/1995) e 81 anos do nascimento (30/9/1924) do P.e Coelho de Sousa, e publicado no Diário Insular de 20/10/2005)
Muito se escreveu sobre a pessoa e a obra do Pe.Coelho de Sousa o Padre Coelho - como era por todos conhecido,e muito haverá ainda para se escrever sobre este homem multifacetado que nasceu na Vila de São Sebastião no dia 30 de Setembro de 1924, que ali viveu grande parte da sua vida, e que ali produziu uma obra literária e de oratória sacra de grande valia, e que enriquece e enche de orgulho a cultura açoriana.
E valerá a pena recordar,mesmo de passagem,o que sobre este poeta e orador escreveram personalidades como Dionísio Sousa, José Enes, José Lúcio Sampaio, Júlio da Rosa, Esaú Dinis, Caetano Valadão Serpa, Artur Goulart, Valdemar Mota, Álamo Oliveira ou Eduardo Ferraz da Rosa pessoas ilustres que o conheceram, que com ele conviveram, que estudaram a sua obra, e que sobre tudo isto já deram notícia.
A propósito desta efeméride do Pe. Coelho, foi preparada e lançada uma segunda edição do seu primeiro livro de poesia, Poemas de Aquém e Além, publicado há exactamente cinquenta anos e há muito esgotado, e que agora fica à disposição dos leitores em geral.
Por esta iniciativa de Dionísio de Sousa e da Junta de Freguesia de São Sebastião, estou eu, e deveremos estar todos, muito reconhecidos.
Se, como escreveu o Pe. Júlio da Rosa, num texto de homenagem ao nosso poeta publicado em 2001 nas páginas do Diário Insular, O Pe. Coelho não pode morrer, a única maneira de não se deixar morrer um poeta é editar-lhe e publicar-lhe a obra.
E depois promover a sua leitura, o seu conhecimento e o seu estudo.
Nesta matéria, a Junta de Freguesia de São Sebastião deu um precioso contributo patrocinando a reedição dos Poemas de Aquém e Além.
Esperamos agora que os professores de Português das nossas escolas adoptem, nas suas aulas, os poemas (e outros textos) do Padre Coelho de Sousa.
O que terá uma dupla utilidade: mostrar aos nossos jovens como se fala e escreve bem a língua portuguesa e podemos dizer que o Pe. Coelho foi um mestre na arte de utilizar a nossa língua e como a poesia pode ser um grande meio para as pessoas exprimirem aquilo que sentem e a visão que têm do mundo, das pessoas, das coisas e dos sentimentos.
De facto, o Pe. Coelho foi mestre nestas duas artes: enquanto escritor, foi um grande cultor da língua portuguesa; e enquanto poeta, foi um fino intérprete da aventura humana.
(cont.)