Tu hás-de ser agora e no futuro
Igual e mais do que tu foste herdeira.
Angra! Querida Angra!
Avança e vibra, e luta por vencer
Tu és a alma da Terceira
E a alma nunca poderá morrer!
Angra, como te quero.
Em ti espero.
Eu sonho-te heroína laureada,
Eu sonho-te rainha coroada
Em corte de beleza imaculada!
Ah! nada! nada!
Há-de empanar teus brilhos.
Assim o quero
Assim o espero
Assim o queiram os teus filhos!
Angra,
tu és pelos Açores Alma da Igreja
ajoelhada em tua catedral...
E é bem que o mundo veja
agora
como outrora, por Deus e pela Pátria
Tu seres
fidalga e nobre, sempre leal...
Não manches dos teus lábios a verdade,
que fez da tua história um testamento.
Não quebres a coroa dum reinado
que em paz e em tormento
herdaste do passado.
Angra,
Dos monumentos,
da oração dos nossos pais,
nossos maiores,
onde se guardam seus ais
e suas dores.
Angra,
Cidade dos segredos
envoltos nas velas
das caravelas,
e fio das espadas,
dos Bruges e Figueiredos,
Cortes Reais,
Briandas, Violantes e Drumondes,
Cantos e Castros, Carvalhais...
E muitos mais...
Angra,
É teu Paulo da Gama...
E João Batista, a chama
da tua glória acende ao oriente...
Ilha de Cristo, és tu unicamente
Quem deu para os Altares um seu filho,
E Angra, a sua mãe, bendita seja!
Angra,
como te quero!
Eu vejo o teu passado em letras
de oiro
E o teu futuro, espero,
Como um tesoiro,
Eternamente ansiado,
e procurado.
Após um ano e outro ano,
a luta, o sangue e o desengano,
finalmente,
totalmente
encontrado,
e assegurado!
Angra, por ti, última vez,
Angra, por ti, última vez aqui
neste programa,
A vida é para ti,
E a minha voz te aclama.
Angra, um poema aberto em pedra e cal.
Se em cada estrofe pulsa um coração,
Em cada coração nobre e leal,
Amor e fidalguia, em seu brasão!
Rainha do mar alto aberto em luz
Floriu num amplexo o teu regaço...
E a ilha que é de Cristo, o bom Jesus,
Sentiu logo em si um tal abraço...
Nas pedras dos umbrais ou pelas ruas
Escrita a tua história luminosa.
As letras são estrelas e são luas
Em céu de glória eterna e esplendorosa!
Estas são reproduções do genérico dos dois textos, que vamos começar por transcrever no blogue, e que eram lidos pelo "locutor" do RCA que acompanhava CS no programa.
Embora se trate de dois programas muito distanciados no tempo, em relação às datas em que terão sido utilizados no RCA (um deles anuncia mesmo o termo do programa), não foram escolhidos por acaso.
É que têm um tema semelhante.
O primeiro deles é uma "Volta à Ilha" com referências às freguesias da Terceira e a outros locais da ilha com significado geográfico ou histórico.
O segundo tem por tema a cidade de Angra.
Com todas as diferenças que serão evidentes a quem os ler, é fácil reconhecer a estes versos ressonâncias das "Cantigas à Ilha Terceira, à cidade, à Praia e aos montes" da "Festa Redonda" de Vitorino Nemésio.
Facto que, nem é de estranhar, se nos lembrar-nos que a 1ª edição da "Festa Redonda," na Bertrand, é de 1950, e estes versos de CS são de 1954/1955.
Tens de Vila só o nome
Diz a rir quem por ti passa...
Vive escondido na alma
O dom de Deus... e é graça...
E basta só que os teus filhos
Te queiram todo o teu bem...
Tu serás eternamente
Linda vila... a nossa mãe!
Estou cansado... A corrida
Volta à Ilha... Eis-me aqui...
Volta à Ilha... Volta à vida!
A vida que é para ti!
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