Um Desfolhar de Saudades (III)
3º Poema
As Nossas Modas de Antigamente (I)
Uma corrida veloz
é a nossa vida a passar.
E que rouca a minha voz
sem ter jeito p'ra cantar...
Chamarrita! Chamarrita!
Anda de par e mais o fado.
Ela traz saia de chita
e o fado é o namorado!
Ah! meu bem se tu te fores
Como dizem que te vais
Deixa-me o teu nome escrito
numa pedrinha do cais...
Quem não terá saudade
Dos olhos pretos que tens!
Quero os teus olhos de herança
pois é o maior dos teus bens!
Oxalá não dês à costa
Como o Samacaio deu
Se tu morreres, eu morro
E vamos juntos p'ró céu!
Meu S. João doutras eras
Meu S. João de menino...
Já trinta e tal primaveras
somaram-se ao meu destino.
E no entanto eu recordo
O anseio com que esp'rava
a tua festa na vinha,
e as orações que rezava...
Nossa viola a tocar
Nossas cantigas sem graça...
Tudo foi, tudo é saudade!
que no mundo tudo passa...
A viola já morreu
porque ninguém a tocou
E o S. João vai passando...
E com ele também vou!
E a procissão pára no porto
música da Vila a tocar!
S.João pousa no barco...
Vá foguetes para o ar!
S. João! O Santo é nosso
caranguejos quem não gosta?
pirolitos, peixe frito,
E a perninha de lagosta...
E os primeiros restolhos
rebuscados e escondidos
nas algibeiras da calça
a depois logo comidos!
E os tremocinhos curtidos
boa favinha escoada
vinho velho, sangue novo
pois aqui não falta nada!
Oh! Fado Maria Rosa
Dá pancada vira-mão
Tem cuidado meu amor
Não vires o coração!
Tem cuidado, tem cuidado,
Que o amor é traiçoeiro...
Que o prometer não é dar
Quem promete, dá primeiro.
Porto Martim, olha as uvas,
Olha as lapas mais o vinho.
S. João não tarda aí
E mais o seu cordeirinho.
2º Poema
A Viola e S. João
Lá dormia sobre a cama
uma viola afinada.
Minha irmã tocava nela
Eu não tocava nada.
E trovas já muito antigas
Velhas nem Salve rainha...
cantadas ao desafio
na nossa casa da vinha.
E depois bebe-se leite...
Com açúcar ou sem ele...
Deite mais açucar, deite...
Antes que arrefeça e pele...
Ceia da aldeia ao luar
Pelo postigo da cozinha!
Quem me dera ir cear
desta ceia uma coisinha!...
O pão nosso da saudade
É o meu sustento agora.
Verdes anos! Mocidade...
Oh! Tempos lindos de outrora!...
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