Coelho de Sousa: Variações sobre o Mar-Espelho (V)
DSousa, 31.10.06
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Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural
Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural
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Quebram-se as ondas verdes,
uma a uma,
contra o rochedo forte que as possui
Entre lençois de espuma...
A praia, abandonada, empalidece
E tudo à sua volta se dilui
Num fundo azul de prece...
O mar canta saudades sobre a areia
E sem mesmo saber como explicar
Encontro-me a falar de certa ideia
Sózinho, como um louco, à beira-mar.
Tanto espaço vazio! É tempo de construir;
Quero esculpir no bronze e modelar na lama
Viver não é passar e é mais do que existir
É ser uma centelha a refulgir na chama!
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O mar e a
dor ( IX e último)
Tens um segredo qualquer
Que me queres revelar
Qual seja, podes dizer
Que o guardarei, lindo mar...
Qual seja não adivinho...
Tu bem vês que nada sei...
Vamos, mar, di-lo baixinho
Que em silêncio escutarei.
Sabes: não há mar igual
A este mar dos Açores.
Sou no mundo e em Portugal
Mar da Senhora das Dores.
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O mar e a dor (VIII)
Oh! mar alto, mar tão largo
Em cada gota que tens
Anda o sal do pranto amargo
Que chorou a mãe das mães!
(Assim não há mar igual
Ao grande mar dos Açores.
É no mundo e em Portugal
Mar da Senhora das Dores.)
Das rochas da minha ilha
Eu me debruço e te beijo.
Uma luz em ti cintilha
Num afago e num desejo.
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O mar e a dor ( VII)
E foi o fim.
Então o mar bramiu furioso...
O sal ficou tão amargoso
Que o seu travor
Só pudesse o amor
de um Deus
Enfim
tragar...
Bateu de encontro à cruz
O mar salgado.
Mas foi da treva que nasceu a luz.
E o sal do pecado
Ficou a ser doçura
Redimida
em graça e na fartura
do amor que em morte trouxe a plena vida...
A vida que é para ti...
O sal e a dor!
É tudo amor!
Amor! amor!
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O Mar e a Dor (VI)
Santo dos Santos! Presente!
Dos sete lumes o brilho...
Eis aqui o nosso Filho!
E o velho ancião que pressente
O tempo que já chegou
Olhos no céu e falou:
Sinal de contradição!
Este menino há-de ser
E oh! mãe, teu coração
Uma espada há-de sofrer!
E do mar a água salgada
Mais salgada inda ficou
No pranto que ela chorou
Ao sentir a aguda espada!
Mais para ler
O Mar e
a Dor (V)
Mas tu choraste, Senhora,
E o teu pranto foi um mar.
Ai! de quem não for agora
No teu pranto a alma lavar...
Foi, então, desde essa hora
Que o mar ficou mais salgado
Tinha o teu pranto, Senhora
E o nosso sal de Pecado...
É meia noite, é de dia!
É um milagre dos céus.
Pois nos braços de Maria
Eis um menino que é Deus!
Mas o menino chorou
E com Ele sua Mãe.
Foi assim que começou
Crescendo o sal que o mar tem.
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