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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (I)

DSousa, 28.02.07

Dois Poemas num Adeus




Adeus




 



Mês de Novembro, a saudade...
No triste dobrar dos sinos
Adeus amargo e pungente
que passa por toda gente.








Na melopeia dos ais
Nas grinaldas sepulcrais
Mês de Novembro, irmã morte,
Rumo certo, ao certo norte...





Mês de Novembro em adeus!







Adeus, mãe, Adeus, querida,
Que eu já não posso co'a vida
E os anjos chamam por mim.
Adeus, mãe, adeus,!... Assim,
Junta os teus lábios aos meus,
E recebe o último adeus
Neste suspiro... Não chores,
não chores: aquelas dores;
Já sinto acalmar em mim.
Adeus, mãe, adeus!... Assim,
Junta os teus lábios aos meus...
Um beijo... um último... Adeus!...

Coelho de Sousa: Quatro Poemas do Rosário (XI)

DSousa, 26.02.07

 

Quatro Poemas do Rosário

 

 

 

 

 

 

Quatro poemas sem graça
Ei-los que ficam aqui...
Depois de serem da Virgem,
São, ouvinte, para ti...

 

 

 

 

Nosa Senhora das contas,
Nossa Senhora do terço,
Nossa Senhora da vida
No teu regaço adormeço...

 

 

 

 

 

Na palma da tua mão
Nove estrelas de mistério.
As contas deste rosário...
nas contas dos Açores!

 

 

 

E se nove são apenas
É por quereres, Senhora,
Duas vezes a Terceira!
Na conta dos teus amores!

 

 

 

Coelho de Sousa: Quatro Poemas do Rosário (IX)

DSousa, 22.02.07

 

 

Quatro Poemas do Rosário

 

Pedido

 

 

 

 

 

Pois soma os teus desenganos,
E esperanças que não floriram...
Contas de dor
também são
os mistérios do amor
Nas asas duma oração!

 

 

 

 

 

 

E tu sonhaste gozar,
Meu rapaz cheio de vida!...
Faz dos teus dias alegres
cinco mistérios de gozo...
Do gozo da outra vida.




Se os teus dedos se mancharem
com tintas de perdição,
Cinco mistérios encerram
os mistérios da paixão.

 

 

 

Tu sonhas com heroísmos.
Não desistes da vitória.
Luta! Luta, dia e noite.
Só depois da guerra, a paz.
Só depois da paz, a glória.

 

 

 

E cinco são os mistérios
do oiro da eternidade!

Coelho de Sousa: Quatro Poemas do Rosário (VIII)

DSousa, 20.02.07

Quatro Poemas do Rosário

 

Pedido

 

 

 

 

Mãe, que me escutas chorando
Porque esperas o teu filho
e não sabes quando
buscará de casa o trilho,
Por Deus te peço:

 

 

 

 

Se queres o seu regresso
faz das gotas do teu pranto
um rosário de orações...

 


E um dia há-de chegar
Que o amor há-de abraçar
os vossos dois corações!

 

 

 

 

 

Porque os lucros não surgiram
nessa empresa que sonhaste,
Os teus lábios não sorriram
E talvez desesperaste...

 

 

 

Pai, que me escutas
Eu peço-te, acalma
E espera...
Nunca vem a Primavera
Antes que passe o inverno!

Coelho de Sousa: Quatro Poemas do Rosário (VII)

DSousa, 18.02.07

Quatro Poemas do Rosário

 

A Soma Que Todos Sabem

 

 

 

 

Gota a gota nasce o rio,
  E os rios vão dar ao mar...

 

Grão a grão faz-se o trigal,
     O celeiro, o nosso pão...

 

 

Passo a passo, o caminhar
Pranto a pranto, o meu chorar,
                  Salinas do coração...

 

 

Fala a fala, este programa,
lume a lume, a doce chama
Que, em dia a dia,
esta vida há-de abrasar...

 

 

Canto a canto, este cantar

 

Avé, Mãe celestial!
Avé canta Portugal!

 

 

Rosa a rosa, este rosário,
      num abraço, mão a mão.

Senhora da salvação!
Vinde a todos abraçar!

 

 

 

 

Coelho de Sousa: Quatro Poemas do Rosário (VI)

DSousa, 16.02.07

 Quatro Poemas do Rosário


 

A Meio do Mar (III)




Por elas nosso caminho...
Por elas nossa alegria..
Nenhum de nós é sozinho
Quando no barco um rosário
É presença de Maria...

 

 

 

De joelhos também se pode governar
Um barco no alto mar...
Rezemos... Padre Nosso... Avé Maria,
que hão-de vir bonança e dia.



Porto e brasa
em nossa casa!

 

 

 

 

 

E o menino que sorria;
Ao outro dia
Em suave sono imerso
Entrava no porto sem ser acordado...
Nas mãos lindo terço
os dedos e os sonhos lhe tinham enlaçado.

 

 


 

Coelho de Sousa: Quatro Poemas do Rosário (V)

DSousa, 14.02.07

 

 

Quatro poemas do Rosário

 

Ao meio do mar (II)

 

 

 

E no entanto sorria
Uma criança contente...
-Mas porquê essa alegria,
Quando vês sofrer a gente?

 

 

 

Oh! homens que não tendes fé,
porque chorais sem esperança...
Governais barcos de pé
Quando o mar é em bonança:

 

 

 

Mas agora que o escarceu
traz de luto a vossa alma,
Em vez de olhares ao céu
a pedir-lhe doce calma,

 

 

 

 

Julgais as vidas perdidas?
Não descobris nas estrelas
A graça divina, salva vidas?
Aqui o tendes. São elas,

 

Que dos céus às minhas mãos
Fazem cordame e cadeias...
Luz das alturas, contas da Virgem,
                                    oh! irmãos,
Brilham mais que luas cheias...

 

Coelho de Sousa: Quatro Poemas do Rosário (IV)

DSousa, 12.02.07

 

Quatro Poemas do Rosário


Ao  meio do mar (I)

 

 

 

 

Andava o mar tão revolto,
Em ventania dispersa...
Um derradeiro pano ia solto.
Barco sem norte...
Em cada rosto a tristeza
Traçava os riscos da morte...

 

 

 

 

Onda a onda, um novo abismo...
Nem estrelas.
Noite fria.

Um girar de paroxismo
desprendeu todas as velas.
Vem tão longe o porto e o dia!

 

 

 

 

Sal dos olhos inundou
gota a gota os pescadores...
Mar de prantos aumentou
Vendaval, penas e dores... 

 

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