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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Quatro Poemas do Rosário (III)

DSousa, 10.02.07

 

 

Quatro Poemas do Rosário

 

O adeus

 

 

 

 

Em Outubro, diz-se adeus...
Pois até Nossa Senhora
Disse adeus, voou aos céus.


No mês de Outubro e na serra...
Se era tormenta a saudade
Que tormenta não encerra
Este adeus da piedade?

 

 

 

 

 

Senhora de Portrugal!
No teu regaço materno
Seja um adeus outonal
Aquecendo nosso inverno!

 

 

 

 

 

Não há frutos nos pomares
que os homens trazem cuidados...
Mas se tu não nos deixares
Abrem-se em graça os pecados...

 

 

 

Nossa Senhora do adeus!
Mês de Outubro, o teu rosário
Aberta a escada dos céus,
Já tem norte o meu fadário...

Coelho de Sousa: Quatro Poemas do Rosário (II)

DSousa, 08.02.07

 

Quatro Poemas do Rosário

 

O adeus

 

 

 

 

 

Em Outubro diz-se adeus
No verde monte e no mar...
Todos voltam para os seus,
Braseira quente do lar...

 

 

 

 

 

Há-de vir sol ainda
Furtivo sobre os caminhos
E a lua branca tão linda
A pratear os espinhos.

 

 

 

Mas o verão, sol aberto
já se foi... já passou...
Quem tiver sonho desperto,
volte a sonhar, se sonhou.

 

 

 

 

 

Mas depressa...  e de corrida...
Não deixe para amanhã
O que agora pede a vida.
Nunca é cedo p'ra quem tem
certo o fim, incerta a ida.

 

 

 

 

 

 

Coelho de Sousa:Quatro Poemas do Rosário (I)

DSousa, 06.02.07

 

Quatro Poemas do Rosário

 

O Adeus

 

 

 

Em Outubro diz-se adeus
Ao sol branco do verão.
Há tintas negras nos céus...
Folhas rolando no chão...

 

 

 

 

As derradeiras maçãs...
E despidos os vinhedos...
Acordam frias manhãs
Com invernos em segredos...

 

 

 

 

 

Ficaram cheias as tulhas
Para o pão de todo o ano...
Trilho do tempo...debulhas
Minha tristeza e engano.

 

 

 

 

 

E as roseiras não têm rosas
Que o vento as levou a todas
Bouquet de noivas formosas
Qual será  nas vossas bodas?

 

 

 

 

 

Novo Caderno de Manuscritos

DSousa, 04.02.07

É com os textos  deste caderno, cuja capa acima se reproduz, que se vai prosseguir a publicação de manuscritos de Coelho de Sousa.

 

Como se pode confirmar, são textos de 1955,  utilizados no programa do Rádio Clube de Angra  "A vida é para ti" e  que o próprio Coelho de Sousa interpretava, mais do que lia, semanalmente, aos microfones daquela rádio.

Os temas são de carácter  religioso, mas transformados literariamente pela veia poética e dramática do autor,  normalmente acompanhando o ano do calendário litúrgico da Igreja Católica.

São todos em verso de medida vária.

Deixamos aqui o título de cada um deles, apesar de muitas vezes não permitir vislumbrar o seu conteúdo, apenas para uma indicação mais segura, para mim próprio e, sobretudo, para  os leitores perceberem o andamento da sua publicação.

Não vamos seguir a ordem cronológica em que eles se encontram no manuscrito, porque nos tem parecido preferível sempre, publicá-los na sequência da sua ligação lógica ou temática com os últimos textos publicados.

É esta razão que nos leva a optar por  inciar a publicação de textos deste caderno com dois poemas com referências aos meses de Outubro e Novembro, permitindo, assim, ao leitor, a sua comparação com o último texto publicado sobre o mês de Maio.

Eis os títulos de todos os poemas deste caderno, com data de capa de 23 de Junho de 1955.

E não podia calar-se           23-VI- 954 (provavel lapso do autor; o ano deve ser 955) 

De porta em porta               2-IX-955

Dá-me  de beber                 26-IX-955

O peregrino                          sem data

Quatro poemas do rosário   sem data

Dois poemas em adeus       sem data

Oito palavras de guerra        sem data

Fala do mundo                      sem data

Também as setas são glória  sem data

Aquele adeus era de irmãos    sem data

Esse mistério dos olhos           sem data

As nossas mãos e as d'Ele       sem data

 

Os dois primeiros poemas-programas a serem publicados têm os títulos de

Quatro poemas do rosário

Dois poemas em adeus.

A propósito do "Encontro com Maio"

DSousa, 02.02.07

 Este poema levantou-me alguns problemas novos, em relação aos  anteriores manuscritos de Coelho de Sousa.


O problema da decifração clara do texto e o problema da opção entre suprimir passagens, perfeitamente legíveis e coerentes com o contexto, mas que o autor, por razões de provável perfeccionismo, terá resolvido eliminar.


A primeira questão, para já, não teve grande importância, porque se reduziu a um só caso.


Quanto à outra, a decisão tomada foi a de reproduzir estas passagens, mesmo que, no original, estivessem riscadas para ser eliminadas e, provavelmente, não tenham sido utilizadas na transmissão pela rádio.


Apesar disso, optei por transcrevê-las,  porque servem para nos revelar o processo concreto da criação do texto e porque o seu valor  pareceu perteitamente equivalente ao do restante conteúdo.

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Deparou-se-nos ainda outro problema novo e que se vai repetir em textos subsequentes: a remissão para textos próprios ou alheios,  mas que não são transcritos pelo autor.


Neste caso concreto, tratava-se de uma  referência precisa à estreia poética de Coelho de Sousa, que ele diz ocorrida dez anos atrás (1944/45, portanto), e de que nos revela  apenas o título:  "Segredos".


Pelos versos subsequentes depreende-se, igualmente, que a sua temática seria sobre o mar.

Como se sabe a temática do mar, e da água em geral, é recorrente em Coelho de Sousa.

Também por isso, não foi possível identificar este poema de estreia.

Com efeito, não consta ( pelo menos com este título) de nenhuma das duas obras poéticas publicadas.

Nem, por enquanto, consegui encontrá-lo noutros cadernos de manuscritos.

Resta  a esperança de que uma consulta mais demorada dos restantes manuscritos me permita identificá-lo.

 

 

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