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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (IV)

DSousa, 06.03.07

Dois Poemas num Adeus

 

Adeus


Vamos, que a hora é chegada
é tempo de o amortalhar...



E os anjos cantavam
Aleluia
E os anjos clamavam
Hosana

 

 

Ao triste cantar da terra
responde o cantar do céu;
Todos lhe bradam: - Morreu!
E a todos o ouvido cerra.
 

 

 

E os sinos a tocar
E os padres a rezar,
E ela ainda a acalentar
Nos braços o filho morto,

 


Que já não tem mais conforto
mais sossego neste mundo
Que o jazigo húmido e fundo
onde há-de ir a sepultar.

 

Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (III)

DSousa, 04.03.07


Dois Poemas num adeus



Adeus







Como nos gelos do norte
O sono traidor da morte
Engana o desfalecido
que imagina adormecer,
Assim, cansado, esvaído
de tão longo padecer,
Já não há no coração
da mãe, força de sentir;
Não tem já lume a razão
Senão só para a iludir.







Acorda, oh! mãe desgraçada,
Que é tempo de despertar!
Anda ver a essa arrumada,
As luzes que ardem no altar.
Ouves? É a mansa toada
Dos padres a  salmear!...




Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (II)

DSousa, 02.03.07


Dois Poemas num Adeus




Adeus










E o corpo desmaiado
no colo da mãe caía;
E ela o corpo...só pesado,
Só mais pesado o sentia!








Não se lamenta, não chora,
E quase a sorrir dizia:
Que tem este filho, agora,
Que tanto pesa?... Não posso...






E uma a uma, osso por osso,
Com a mão trémula tenta
As mãozinhas descarnadas,
As faces cavas, mirradas,
A testa inda morna e lenta.





Que febre! Que febre! diz;
E em tudo pensa a infeliz,
Tudo que há mau lhe ocorreu
Tudo - menos que ( o filho) morreu!







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