Sexta-feira, 16 de Março de 2007
Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (IX)
Dois Poemas num Adeus
Adeus

Quando a filha chega a casa
E a mãe vai por beijá-la...
Diz a filha, a cara em brasa,
mastigando cada fala:
Minha mãe, é hoje o dia
Do Manuel me vir pedir...
E a mãe chora a repetir,
Dizes-me adeus, oh! Maria...
Foi assim o que eu já fiz...
Pois adeus... e sê feliz...
E o adeus do casamento,
Não tardou... Foi um momento!
Adeus! Adeus!
Quarta-feira, 14 de Março de 2007
Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (VIII)
Dois Poemas num Adeus
Adeus
Ficou-se em casa linda filha...
Dobam linhas os seus dedos...
Que renda! Que maravilha!
Mas traz na alma segredos...
É um domingo de festa...
E a Maria tão modesta
Tem um vestido riscado
De tafetá em xadrez...
À esquina o namorado,
Nervoso - (A primeira vez!..)
- Adeus! Maria! E então?
Sempre é meu teu coração?
-É claro! Vamos embora!
Um outro adeus, nasce agora,
a caminho da Igreja...
Segunda-feira, 12 de Março de 2007
Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (VII)
Dois Poemas num Adeus
Adeus
Adeus!
Junto ao berço pequenino,
Diz a mãe ao seu menino
Que a sonhar fica a dormitar!
Adeus!
E na hora de partir
A tira-colo a sacola
Vai o menino p'ra escola!
Adeus!
É grande, é forte é belo
Entre lágrimas, saudades
Vai o menino ao Castelo...
Adeus! Adeus!
Sábado, 10 de Março de 2007
Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (VI)
Dois Poemas num Adeus
Adeus

Adeus!
Esta palavra quem a não terá dito?
Adeus! repito:
Adeus
É um mar de saudade
inundando terra e ceus...
Rios de pranto... e ternura
O coração a estalar...
Adeus! Esta palavra é mar...
cheio de sal e amargura...
Quinta-feira, 8 de Março de 2007
Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (V)
Dois Poemas num Adeus
Adeus

Levai, oh! anjos de Deus,
Levai essa dor aos céus.
Com a alma do inocente
Aos pés do juiz clemente
Aí fique a santa dor
Rogando à eterna bondade
que estenda a imensa piedade
A quantos pecam de amor.
Terça-feira, 6 de Março de 2007
Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (IV)
Dois Poemas num Adeus
Adeus

Vamos, que a hora é chegada
é tempo de o amortalhar...
E os anjos cantavam
Aleluia
E os anjos clamavam
Hosana
Ao triste cantar da terra
responde o cantar do céu;
Todos lhe bradam: - Morreu!
E a todos o ouvido cerra.
E os sinos a tocar
E os padres a rezar,
E ela ainda a acalentar
Nos braços o filho morto,
Que já não tem mais conforto
mais sossego neste mundo
Que o jazigo húmido e fundo
onde há-de ir a sepultar.
Domingo, 4 de Março de 2007
Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (III)
Dois Poemas num adeus
Adeus

Como nos gelos do norte
O sono traidor da morte
Engana o desfalecido
que imagina adormecer,
Assim, cansado, esvaído
de tão longo padecer,
Já não há no coração
da mãe, força de sentir;
Não tem já lume a razão
Senão só para a iludir.
Acorda, oh! mãe desgraçada,
Que é tempo de despertar!
Anda ver a essa arrumada,
As luzes que ardem no altar.
Ouves? É a mansa toada
Dos padres a salmear!...