Domingo, 29 de Abril de 2007
Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(IX)
As nossas mãos e as dEle.

Minhalma, escuta
ainda
Uma história
mais linda,
As mãos dEle...
Deitadinho sobre as palhas,
Tem o milagre nas mãos,
Mãos de menino que é Deus.
Criaram anjos e céus,
Os animais e as flores,
O mar, o vento e fulgores
Que o Sol expande brilhante...
As mãos de Jesus Infante!...
Esse madeiro pesado
Feito agora nem arado
Que vai a gleba rasgar...
Fê-lo um jovem singular
Que sabe mais que os doutores
Que David, rei dos poetas
E que todos os profetas...
As suas mãos de milagre.
Os cegos querem-no ver...
As suas mãos lhe tocaram
E rasgou-se o seu olhar!
Sexta-feira, 27 de Abril de 2007
Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(VIII)
As nossas mãos

São os escritos das mãos,
que fazem livros
e arquivos!
E são as pedras que as mãos
acarretaram nos séculos
que fizeram cidades
e comodidades
da civilização...
Mão estendida na esmola
Para dar e receber...
Mãos trabalhosas na vida
para a vida não morrer!
A vida é para ti...
Minh'alma tinha razão
de te pedir o silêncio
para ouvires o que a mão
do homem pode fazer...
Quem dera
que não fizera
a mão do homem o mal...
Mas escuta... o que já sabes
A história
anda tão cheia
como as praias
são de areia
de tanto mal
e vileza...
Quarta-feira, 25 de Abril de 2007
Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(VII)
As nossas mãos

Dizem adeus ao partir;
Ao voltar elas abraçam...
Fazem cadeias de amor
No amor com que se enlaçam
Serei tua, meu senhor,
Serei teu eternamente!
E os arcos das ogivas
Guindados para as alturas
Tiraram linhas de graça
Nas linhas das nossas mãos
Quando postas a rezar...
Grão de trigo loiro e lindo,
Quem te trouxe ao meu celeiro?
Foi a mão de quem primeiro
o lançou à terra fértil?
E, depois, o lindo grão
é moído e já é pão,
por milagre desta mão
Em que os dedos são os raios
de um sol de amor a brilhar!
Segunda-feira, 23 de Abril de 2007
Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(VI)
As nossas mãos

É que adivinho a hora
em que esta filha
Verá que a mãe
Já não tem
as mãos do abraço
que ela sonhou!
As nossas mãos!
Até mais que os nossos lábios
elas têm eloquência...
Vai por elas o aplauso...
Batem palmas num sorriso!
E se o castigo é preciso
as nossas mãos ameaçam...
Sábado, 21 de Abril de 2007
Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(V)
As nossas mãos

Andas sumido, esquelético
Mas que mal te sucedeu,
Menino?
Tinha guardada no bolso
a sombra densa das mãos
Que perdeu
logo ao romper da aurora
quando nasceu...
E agora
O seu destino
É comer
pelas mãos que não são suas!...
Mas porque choras, senhora,
se a criança é tão bonita...
É um retrato da mãe...
Que dita,
Nem é menino ou menina...
É um anjo!...
Mas por que chora
senhora?
Quinta-feira, 19 de Abril de 2007
Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(IV)
As nossas mãos

Enferrujada,
Esquecida,
Já não diz nada,
Já não tem vida
aquela enxada...
abandonada!...
Porquê?
ouve minhalma
este lamento
que nem o tempo
e o dinheiro
hão-de calar:
Senhor ! Senhor!
E já não pode cavar
com meu amor
as minhas mãos...
as minhas mãos...que não tenho
Que horrível tormento...
O meu lamento...
É não ter mãos
Terça-feira, 17 de Abril de 2007
Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(III)
As nossas mãos

Por favor não digas nada...
Minhalma escuta calada
Serei só eu a falar...
Mas...eu sem ti,
Se tu és eu!...
Pois bem, aqui,
Nem tu nem eu
Os dois
E depois
Ele e só Ele!
Um homem não tinha mãos,
E chorava tristemente...
Foi na guerra, foi na guerra
Que eu perdi as minhas mãos...
Isso de mãos era o menos...
O pior é que a bandeira,
A minha estrela,
O meu norte,
Por não ter mãos a prendê-la
ma levaram...
e rasgaram...
Deus, oh Deus,
Antes a morte...