Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Dá-me de beber (VII)

DSousa, 30.06.07

              Dá-me de beber


                      
(VII)









- Senhor... o teu olhar é raio,
a tua fala é brasa,

Quem sois, Senhor?
Ah! Senhor, que eu não tenho marido...

-É verdade... Já este é repetido...
Já cinco vais contando em teu  amor!

- Senhor, ninguém te engana, és um profeta!
adivinhaste...

Diz-me Senhor, a mim, a mim,
Tu vês, além, o Monte Garezim

aonde os nossos pais louvaram Jeová...
Diz-me Senhor, é ali que Ele está...

ou ainda mais além, além,
em Jerusalém?


- Mulher... Acredita,
Já soou a hora,
E hora bendita
Em que a verdade adora
a Deus em toda a parte!

- Tu falas do Messias!
Já sei que ele há-de vir.
E tudo isto
que dizes
nos dirá o Cristo!

- O Cristo sou eu... eu...

- Senhor! Senhor, eu creio, dá-me de beber!





Coelho de Sousa: Dá-me de beber (VI)

DSousa, 28.06.07

       

            Dá-me de beber

                    
                    (VI)







- Senhor, não sei quem sejas,
Não hás-de ser maior que o  nosso pai Jacó.

Tu vens de caminhada, tens em teus pés o pó...
E se tens sede, bebe o que desejas...

E dá-me em paga ao menos uma gota d'água
da tua água viva. E assim a mágoa

de vir aqui ao poço havia de acabar...

Dá-me de beber! Dá-me de beber!



- Sim... mulher,

Não negarei, não recusarei a alguém
a água que me pede quem a quer...

mas vai primeiro a casa,
chama o teu marido e vem...


Coelho de Sousa: Dá-me de beber (V)

DSousa, 26.06.07
        

Dá-me de beber


        (V)





- E como pode ser?

Se aqui
É este só o poço que Jacó fundou...

- Mulher, a água que eu prometo e dou,
Não se tira em balde e nem se enche em cântaro...

Se tu soubesses,
Ao céu farias preces
por só beberes dessa água viva.

A água deste poço não mata a  sede toda...
A que eu darei, porém, há-de matar
a sede eterna...




Coelho de Sousa: Dá-me de beber (IV)

DSousa, 24.06.07

Dá-me de beber

       

        (IV)







- Dá-me  de  beber... Dá-me de beber!


- Tu que és judeu?  Tu? Como pode ser?

Falar-me assim, a mim que sou mulher!

Pedir-me água, a mim Samaritana?

Ignoras, porventura a lei que não se engana?

Não sabes nossas pátrias sempre em guerra aberta?


- Mulher... Se tu soubesses a fonte que desperta...
mananciais de água pura junto a ti,
Serias quem pedia a água de beber!


Coelho de Sousa: Dá-me de beber (III)

DSousa, 22.06.07

Dá-me de beber


      (III)








Vamos... Sai de ti mesmo... E mundo fora
Encontrarás o que procuras...

Vamos embora...
Teu mal eu adivinho...É de securas...

E eu sei aonde existe um poço de água viva
que mata a sede eterna a quem quer que a beba...

Adeus e leva só contigo o encanto destas notas de concerto...
um céu aberto em arcos de violino!

Não tenhas medo.
Aos longes do horizonte,
A música te leva à fonte
E vai-te descobrir um divino segredo.


Adeus... ouvinte amigo...
Eu não vou contigo...Espero aqui por ti...






Coelho de Sousa: Dá-me de beber (II)

DSousa, 20.06.07
 
 

        Dá-me de beber


                 (II)









As notas desta música hão-de ser as pedras
para o teu passar.
E hás-de ter guarida
muito além do mar
e muito além de ti,
na casa do amor que nasce e morre...



Vamos... Deixa o teu amigo
e leva só contigo
as notas do concerto
que ainda estás a ouvir...


E deixa a tua casa,
E deixa tudo o mais que te prendeu
à terra...
Cuidados que te põem em brasa
o coração,
O vinho que bebes e encerra
a perdição,
E se tens fome, o pão do céu
terás,
E se tens sede, a água
que dá a paz
tratando toda a mágoa,
encontrarás...




Coelho de Sousa: Dá-me de beber (I)

DSousa, 18.06.07


Dá-me de beber

          
(I)







Cala-te... Não digas nada, ouvinte
Deixa esta música celeste
tombar na tua alma...

E faz à tua volta a calma
já que vieste
Ouvir este programa

"A vida é para ti"!...




Acende no teu peito a chama
do amor divino,
E se puderes não fiques aqui,
que andar é o teu destino,
e vai longe no tempo e no caminho.


Não leves mais ninguém...
Embarca tu sozinho
ao país do sonho...  da poesia...  do bem!

Em busca da Verdade,
para encontrar a vida,
Vai-te sozinho... Deixa a saudade...





 

Coelho de Sousa: De Porta em Porta (XII e último)

DSousa, 16.06.07
   
De Porta em Porta


        (XII)


A justiça sem guarida







E a morte me fechou também a porta. E eu...
E eu voltei de novo para a rua... É meu

destino andar de porta em porta sem ninguém
me receber... pois todos julgam que me têm...

E grande número vive sem me conhecer...
Matar-me ninguém pode... Eu não posso morrer..


Sou a justiça eterna... E a Justiça é Deus...
Eu sou a paz da terra e a glória dos céus...



Irei de porta em porta... É este o meu destino...
Hei-de pedir pousada, como um peregrino.

Aceitarei de esmola ao bem sua guarida
E em paga deixarei ao homem sua vida...

A vida, aquela vida onde reina o amor...
A vida... A vida que é para ti... Em Deus, Senhor...


(2-IX-955)






Coelho de Sousa: De Porta em Porta (X)

DSousa, 12.06.07

 

 

De porta em porta

(X)

A justiça desprezada

 

 


 


 

E fora por ali que  a multidão entrara,
Pois era ali o termo daquela senda rara.

 

Bruxeleante luz de vela quase morta
marcava a quem entrasse o rumo doutra porta:

 

E fui ali bater...Talvez a derradeira
havia de ser... Bati... Surgiu-me uma caveira

 

Horrível, sobre pilha de ossos, temerosa...
E perguntou: Quem sois? (Tinha a voz cavernosa)...

 

Eu sou... E tu quem és? Sabei que sou a morte
E eu, notai, que sou, por Deus! Justiça forte...

 

 

 

 


 

 

 

Pág. 1/2