Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural
Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural
Mas agora, Senhor, Eu peço à luz da aurora, ao rumor das fontes, à graça de cada flor, ao canto dos passarinhos, à distância dos horizontes, e às pedras dos caminhos,
Que venhas, que venhas! e fiques entre nós, ao menos um só dia!
Oh! Santas, que embalais o berço das crianças: E assim lho revestis de flóreas esperanças; Que andais sempre a cuidar das almas por abrir, E a verter-lhes no seio o gérmen do porvir!
Sois vós que, pela mão, da glória à vida infinita, Levais um vosso filho, um pálido profeta, Que é Newton ou Petrarca, Ângelo ou Rafael, Com o pincel ou pena, o compasso e o cinzel,
Fazendo enobrecer quem lhe seguir o exemplo, Sois vós quem o conduzis aos pórticos do templo Onde o porvir coroa os génios imortais, E, mal chegados lá, de todo o abandonais,
Sem aguardar sequer nas sombras de uma arcada A grande aclamação que lhe festeja a entrada E - modestas que sois - voltais ao vosso lar E só vos contentais em vê-lo atravessar
- C'roada de laureis a fronte cismadora Um arco triunfal que o cerca de uma aurora... Mas, nós, cabeças vãs, escravos do amor, Andamos a dizer: Beatriz! Leonor!
E o nome vosso, oh! mães, não lembra um só instante! Quem sabe o vosso nome, oh! mães de Tasso e Dante?
Oh! santas, perdoai! Lá tendes o Senhor A cobrir-vos de luz, de bençãos e de amor, Fazendo abrir ao sol as vossas esperanças
Por isso mãe, querida mãe, Curando a dor de qualquer chaga, Que o nosso esquecimento ou a nossa ingratidão um dia possam ter feito, Finalmente vem a gente, com Guilherme Braga, a homenagem sincera ao amor do teu coração aqui tributar publicamente:
Pois só tu nos deste a vida a vida que era para ti e a nós a deste toda!
Por todos eu orava e por todos eu pedia: Pelos mortos no horror da terra negra e fria, Por todas as paixões e por todas as mágoas; Pelos míseros que entre os uivos das procelas Vão em noite sem lua e num barco sem velas, Errantes através do turbilhão das águas...
O meu coração puro, imaculado e santo Ia ao trono de Deus pedir, como inda vai, Para toda a nudez um pano do seu manto, Para toda a miséria o orvalho do seu pranto E para todo o crime o seu perdão de pai!...
A minha mãe faltou-me era eu pequenino: Mas da sua piedade, o fulgor diamantino Ficou sempre abençoando a minha vida inteira Como junto de um leão um sorriso divino Como sobre uma forca um ramo de oliveira.