Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: O Grande Amor (XII)

DSousa, 09.09.07






(XII)



Minha mãe, minha mãe! Ai que saudade imensa
Do tempo em que ajoelhava, orando, ao pé de ti!
Caía mansa a noite; e andorinhas aos pares
Cruzavam-se, voando em torno dos seus lares,
Suspensas do beiral da casa onde eu nasci.


Era a hora em que já  sobre o feno das eiras
Dormia, quieto e manso, o impávido lebreu.
Vinham-nos da montanha as canções das ceifeiras
E a lua branca, além, por entre as oliveiras,
Como a alma de um justo, ia em triunfo ao céu!...


E, mãos postas, ao pé do altar do teu regaço,
Vendo a lua subir, muda, alumiando o espaço,
Eu balbuciava a minha infantil oração,
Pedindo ao Deus que está no azul do firmamento
Que mandasse um alívio a cada sofrimento
Que mandasse uma estrela a cada escuridão.








Coelho de Sousa: O Grande Amor (X)

DSousa, 05.09.07



(X)





Olhei, fiquei absorto
Na dor daquela mulher
Que tinha sem o saber,
Nos braços o filho morto!


Rezava, e do fundo d'alma!
Enquanto a infeliz rezava
O pobre infante esfriava!

Quando gelado o sentira,
O grito que ela soltou,
Meu Deus! Que dor expressou!


Pensei então: A mulher,
Para alcançar o perdão
De quantos crimes tiver,
Na fervorosa oração
Basta que possa dizer:
Tive um filhinho, Senhor,
E o filho do meu amor
Nos braços o vi morrer!




Coelho de Sousa: O Grande Amor (IX)

DSousa, 03.09.07



(IX)




Com um beijo nos puseste,
os nossos olhos dormindo
no berço que p'ra nós fizeste,
com benção de amor infindo;




E se a morte vem um dia,
antes que tu, mãe, te vás,
outro beijo de agonia,
à despedida nos dás...






Bulhão Pato assim pensou
nestes versos que rimou:


A pobre da mãe contava
que o filhinho inda vivia,
E nos braços o apertava!

O coração que batia
Era o dela e não do  filho,
Que já o sono da morte
Havia instantes dormia.






Coelho de Sousa: O Grande Amor (VIII)

DSousa, 01.09.07


(VIII)




Oh! mãe, o teu coração
é folha do livro aberto,
No eterno livro da vida!



Três letras fazem somente
tua grandeza imortal:
És magnanimidade,
És a doce amizade,
Do Senhor na eternidade!

Mãe! Mãe!

Fogo de amor, nos abrasa,
água da fonte refresca;
Pão do ceu em nossa casa,
E o Peixe grande que pesca
as almas à sua graça!


Passa o dia, a noite passa,
Mas o teu amor não passa!
Minha mãe, terna guarida,
Consolo da minha vida...






Pág. 2/2