Coelho de Sousa: É esta nuvem de mim...(III)
DSousa, 29.11.07
(III)
Mas Deus é pai
E o pai sempre se dói
Sempre perdoa.
Correram séculos
e assim foi.
Atendei, escutai
Do resgate o hino
posto em loa:
E os séculos foram grãos de muita areia quente
ardidos pelo fogo em aras ao céu erguida
À mão de Abel, o casto, humilde e são, temente
Ou de Caim odioso que lhe tira a vida...
Estrelas que se contam desmedidamente
Junto ao cordeiro em monte, vítima devida,
E sangue na portada assinalando a gente
Que o mar há-de passar a terra prometida.
Água de noite e dia e fogo de Sodoma,
Patriarcais suspiros, lutas e espera,
Cetro de rei e salmo, iris de dor em soma,
Anseios de profetas abrindo ao futuro
o passo e o rumo certo de uma nova era,
até que o messias fosse áureo esteio seguro.