Segunda-feira, 3 de Dezembro de 2007
Coelho de Sousa: É esta nuvem de mim...(V)

(V)
E agora dobra o sino
muito ao longe ou perto.
P'ra dizer às almas
que o nosso destino
é seguro e certo:

Fiéis defuntos! Dobram os sinos a finados!
É voz que vem de além mandada em aviso:
Oh! pais, irmãos, parentes e quantos descuidados
andais por esse mundo vário e indeciso.
Lembrai-vos que sois trigo eleito, e é preciso
levá-lo em graça toda ao céu.Enceleirado
sereis no grémio eterno em Deus, no Paraíso,
Se a vida que viverdes, for como se aqui
tivésseis já pesada a alma no castigo
duro ou prémio justo de ser joio ou trigo.
Irmãos sabei: a vida é toda para vós,
Vivei-a bem, ouvi, por Deus a vossa voz
não morre, é eterna a vida que se diz "p''ra ti".

Sábado, 1 de Dezembro de 2007
Coelho de Sousa: É esta nuvem de mim...(IV)
(IV)
Deus prometeu
e nunca falta.
É maré alta.
Abriu-se o céu.
É a vida que ressalta.
Pois Jesus nasceu.

E o Verbo se faz carne e vimos sua glória
Cantada pelos anjos lá pelas alturas.
A paz voltou à terra. A sua trajectória,
Em palhas dum presépio, frias, mal seguras,
Reencontrou o homem certo da vitória.
Já pode erguer ao céu as mãos tornadas puras,
Rezar: Pai-Nosso, a vida transitória
eterna se tornou em ti que sempre duras!
A cruz nos ombros meus, tal como aos ombros dele
É sacramento doce que p'ra ti me impele.
E eu vivo seduzido num amor tão pulcro
Que, embora saiba o corpo ir ser pó de sepulcro,
A vida já não pesa, já não custa nada,
Assim ungida a alma e n'Ele sacramentada.
