Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Dionisio Sousa:Uma breve nota explicativa

DSousa, 30.03.08
Coelho de Sousa, embora mantendo nos seus originais uma matriz de arquivo e ordenação mais ou menos sistemática, muitas vezes intercalava, ao lado dos temas que estava desenvolvendo, outros temas  que a inspiração ou as circunstâncias lhe ditavam.
Foi o caso das últimas três entradas que inclui no "Romance das mães que choram".
O leitor atento terá notado que Coelho de Sousa havia deslizado do tema das mães que choram para o das mães que fazem chorar.
Estas três paginas de texto acrescentou-as Coelho de Sousa ao tema das mães que choram.
Provavelmente, como início de uma outra temática que não chegou a desenvolver totalmente.
Eu próprio é que tomei a iniciativa de incluir estas páginas naquele local, pese embora alguma contradição que, conscientemente, assumi.
Estas derivações são bastante frequentes em Coelho de Sousa e traduzem-se de formas várias.
De umas vezes, em pequenos textos como o seguinte:




Outras vezes, em textos mais longos  e mais trabalhados, como os textos que serão publicados  nas próximas duas entradas.

Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (XVII e último)

DSousa, 28.03.08




Romance das mães que choram (XVII)








O pão de esmola está comendo,
E dorme o sono breve dos proscritos
E tantos o odeiam sem razão...

O seu passado, o seu presente, chora
E do futuro ainda mais os fitos

Ninguém pode calar o coração.






Bom ouvinte, já contei
Romance das mães que choram.
Para honrar todas as mães
Que choraram nesta vida...

A vida que é para ti
Feita de prantos e dores
Mas que um dia já sem pranto
Há-de ser eterno gozo.


Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (XVI)

DSousa, 26.03.08




Romance das mães que choram (XVI)



Na mesa do comer está vazio
O prato e o lugar que ele deixou
Com lágrimas nos olhos, sem amparo...

Um coração de mãe, assim quem viu?
Até o pai também o expulsou
Fazendo o mesmo os irmãos!

Que caso raro!

Ainda se ele fora outro pródigo
Ingrato ou perjuro ou malfeitor,
Um revoltado ateu, talvez perdido,
Merecia pesado  o seu castigo

Mas não, pois tinha na alma igual amor
A quanto deles tinha perdido.

Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (XV)

DSousa, 24.03.08




Romance das mães que choram (XV)



Vieram-me dizer que certa mãe
Que tem o coração empedernido
Deitou fora de casa um filho seu.

Não quero mais saber que sejas meu,
A rua é teu abrigo apetecido.
E companhia a sombra de ninguém.

Vai-te embora depressa, mais gritava
E a sua voz de mãe desnaturada
Apostrofando pragas, parecia
O rugir duma fera solta e brava
Que no seu furor não respeita nada
Tudo ferindo com mortal perfídia...





Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (XIV)

DSousa, 22.03.08




Romance das mães que choram (XIV)







E voltou o seu  menino.

E chorou no seu encontro.
Foram de pranto os seus beijos.
E molhado o seu abraço.

E como a vida não pára
O menino não parou.

Meses depois, era noivo
A casar-se na Igreja.

E a mãe não se conteve
Chorou de novo outra vez.
À despedida. Ao adeus.

E chora ainda que eu sei
quando diz a toda a gente
Sou feliz, ele é feliz
Mas a vida é mesmo assim..

Este mundo é vale de lágrimas
E quem mais chora é a mãe.

Pág. 1/2