Domingo, 16 de Março de 2008
Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (XI)


Romance das mães que choram (XI)

E ficou a mãe chorando
Junto à porta sem alento.
Metade do coração
Ia com ele p'ra guerra...
Perdida a mão pelo ar
Um adeus guiou-lhe a voz
e caiu desfalecida...
Já passaram muitos meses
Mas o pranto não passou.
Vieram cartas e cartas...
Minha mãe não desanime.
Hei-de voltar muito em breve.
Sexta-feira, 14 de Março de 2008
Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (X)




Vai, meu filho, eu te ofereço.
Mas irás para a vitória
Ungido no meu chorar.
Que Deus te leve por bem
E te traga brevemente...
Não te esqueças de rezar
E também de me escrever
Minha mão até à volta.
Hei-de escrever e rezar.
Hei-de lutar e vencer.
Terás orgulho de mim
O teu menino maior
Quarta-feira, 12 de Março de 2008
Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (IX)




E logo um coro de vozes,
Tão quente como o braseiro
Responderam, fieis, nobres
Tal como os grandes de antanho
Presentes! A Pátria chama!
Vamos ! Nós somos heróis
do mar! Avante ! Marchar!
E cornetas e tambores
Mobilizaram as almas..
E veio o barco e partiram
E o menino também foi.
Ficou a noiva e o... sonho
E ficou chorando mãe ,,,
Segunda-feira, 10 de Março de 2008
Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (VIII)




E quando, tempo cumprido,
Com licenças de ir a casa
E namoro já firmado
(Que ao amor ninguém resiste).
Quando a mãe já não chorava
Contente do seu regresso,
Veio uma ordem de fora:
Atacaram nossa terra
É preciso defendê-la.
Soldados dizei ao mundo
Que sois dignos dos avós
Que fizeram nossa glória.
Vosso destino é de heróis,
Vossa vida é martírio.
Vamos! Avante ! Coragem
A Pátria pede e espera!
Sábado, 8 de Março de 2008
Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (VII)




Eu espero que tu voltes
Mas tenho medo da guerra.
E os homens só pensam nela.
E os soldados mais novos
São os primeiros que morrem...
E lá se foi o menino
Marcou e passo e continências
Fez ao senhor oficial.
foi à carreira de tiro
E atirou balas ao alvo...
Meteu guarda aos portões
Fez rondas e diligências.
Quinta-feira, 6 de Março de 2008
Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (VI)




Os olhos são menos verdes.
Está cortado o cabelo,
E no corpo vai a farda.
Assentou praça no castelo.
Tu não chores minha mãe
Meus irmãos te alegrarão.
Hei-de voltar qualquer dia.
Já sou grande e já sou forte.
Quero lutar e vencer
Por amor da nossa terra.
Dizes bem meu rico filho
Eu te ofereço generosa
Mas ninguém pode evitar
Que chore a tua partida...
Teus irmãos ficam comigo,
Mas teu lugar é vazio...
Ficas no meu coração...
É a saudade que chora.
Terça-feira, 4 de Março de 2008
Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (V)




E os anos foram pesando
Na fronte da mãe e filho.
A ela, nevou-a o pranto
E o menino...às sortes ido...
É verdade, o seu menino
Vai para o Castelo apurado
E o pranto redobra agora:
É ribeira caudalosa
A tombar de face a face.
O menino despediu-se...
Leva a saudade retida
No tal sorriso sonhado...