Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural
Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural
Bati à porta do tempo... -Cinquenta anos já passados Todos ao céu consagrados - E pedi-lhe a sua música E letra para o meu hino...
Respondeu-me indiferente: "Escrevei: Apostolado ardente E devotado Ao bem do seu rebanho, Pascendo em nove rochas Que o mar de amor inda banha E o céu da fé inda abraça Nas dobras santas da cruz"..
Mas não me satisfez Conquanto fosse verdade A letra e suavidade Da melodia que o tempo Ao meu hino emprestasse...
Com ânsias de cantar meu hino de louvor, Repleto de aleluias, sem jamais ter fim, A data que lembrais, como Pastor, Andei, Senhor, Pedindo à terra, ao céu e ao mar A letra e notas que o tecessem Temendo não julgassem nosso amor Menos sincero ou frio Talvez -quem sabe ?- Suspeito...
Juntei do sol o oiro e a prata do luar, O azul do Firmamento E pérolas do mar; Colhi do vale as flores Pedi às avezinhas um trinado À tarde os seus palores E à noite os seus segredos, Mas que tristeza, Senhor! Na gama de tal riqueza, Somente a solidão dos penedos Foi a soma de beleza Que lucrei para o meu hino Assim desafinado...
Quando tudo no mundo, alegre, ri e canta Eu sinto dentro de mim vontade de chorar. Queria ser alegre, mas a vontade é tanta Que sem chorar não passo, menos sei cantar!
Oh! Deus cuja bondade é infinita e santa Não sou igual aos outros, não, ouso afirmar Não sou melhor. Por ser pior isso me espanta. Mas só a culpa é minha. Não posso a vós culpar.
Melhor do que eu, sabeis porque a tristeza vem Morar dentro mim e logo chorar faz Estes errantes olhos, tristes pecadores.
É que eu ousei perder da vossa graça o bem Troquei pela desgraça o dom da vossa paz Desprezei o vosso amor querendo outros amores.
A juventude passa qual nuvem a correr Diáfana,veloz, no azul do firmamento... Às vezes anuncia chuva, frio e vento E outras sol, calor, luz e vida, prazer...
Mil tempestades bruscas que nem um lamento Lhe dá fim. Alegrias que o mesmo é sofrer... Sofrer na luz, no bem, sofrer até morrer Visto que é nosso irmão o cruel sofrimento.
Juventude, miragem? Ilusão? Sonho? É tudo o mesmo. Só importa a realidade Sofrer: caminho recto da felicidade...
A cruz e os espinhos, ideal risonho, Foram do bom Jesus, p'ra nossa redenção Sejam para nós também, amor e salvação.