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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Salmo do século XX (III)

DSousa, 29.06.08

 

 

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Luz do meio dia, verdadeira ou falsa,
Luar das noites belas de Outono velho

Frio do inverno junto do braseiro
Saúde e enfermidades, cemitério e lutos
- Morte e Vida -

 Bendizei ao Senhor!

 

 

Fantasia de que vivem os meus versos,
Tinta de escrever os meus pobres versos,
Branco papel onde caem os meus tristes versos,
Esquecimento onde morrem os meus versos
- Sem vida -

Bendizei ao Senhor!

 

 

Salamanca 17-XI-952

 


 

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Coelho de Sousa: Salmo do século XX (II)

DSousa, 27.06.08

 

 

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Doces da montra que o menino come por fora do vidro...
Frutos da terra esquecidos no mercado,
Flores que murcharam nos jardins e prados, estufas e altares,
Peixes do oceano largo e rios claros
 - Pão e vinho da vida -

Bendizei ao Senhor!

 

 

Céguinhos de pedir esmola e cegos que  a não  pedem,

Lavradores da inteligência e dos campos verdes,
Poetas enamorados e namorados poetas,
Homens de Deus, mulheres e crianças,
Jovens de bigodinho e de olhos de sonho,
Meninas com vestidos de nylon e baton nos lábios,
- Vós que tendes ou não tendes vida -

 

Bendizei ao Senhor!

 

Coelho de Sousa: Salmo do século XX (I)

DSousa, 25.06.08

 

 

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Caminhos de asfalto, caminhos de ferro,
Veredas do monte e calçadas da rua,

Aldeias pequeninas e cidades sem fim,
Linhas do mar e rumo dos aviões
 -Atalhos da vida -
Bendizei ao Senhor!

 

 

 

 

Estádios para o desporto e retiros da oração
Cafés da boa moda e sumiço dos  dinheiros
Casas de cinema e teatros de comédia
As notas de Mozart e sonidos de jazz-band
- Vida da vida... e perda da vida -
Bendizei  ao Senhor!

 

 

 


 

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Coelho de Sousa: A luz

DSousa, 23.06.08

 

 

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A Luz

Tenho dentro de mim uma luz
Que se apagará se eu quiser.

Mas eu não quero.
Eu não devo querer...

Nunca se apagará!

Eu tenho dentro de mim uma luz...
Eu sou dela...

Ela é minha...

A luz!

Jesus.

Eu tenho dentro de mim a luz!

 

 

Salamanca 14-XI-952

 

 


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Coelho de Sousa: Depois da comunhão (II)

DSousa, 21.06.08

 

 

 

 

 


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Depois da Comunhão (II)

 

 

Ainda sou pastor de ovelhas desgarradas;

Mestre que às multidões famintas, desvairadas,

Disse a verdade e deu da eterna luz o bem.

Homem que a vida levas sem pensar em mim,
Estou aqui...e espero. Do banquete ao fim
Terás da vida a Vida e nela ... a tua glória

 

 

******    ********    ********     ************* 

 

Jesus falou. Minha alma em Páscoa reflorida
Nesta manhã de inverno frio, é toda Vida...
Seiva de Deus! O sangue do Senhor no meu!
 

Jamais me calarei. Arauto do altar

(Possuo em mim a força de Jesus-manjar)
Irei gritando aos homens:"Está aqui. E espera-nos!

 

Salamanca 12-XI-952

 


 

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Coelho de Sousa: Depois da comunhão (I)

DSousa, 19.06.08

 

 


 

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Depois da comunhão

 

 

Eu tenho dentro da alma a Páscoa reflorida.
Nesta manhã de inverno frio. Eu sinto a vida
Em toques de festim...Banquete da Alegria...

De monte em vale gritando aos homens me apetece
Na humilde voz de quem a Deus reza uma prece:
Alleluia! Alleluia! Alleluia! Alleluia!

 

Cristo voltou de novo...Agora está comigo.
E anseia estar convosco! Oh! gentes, o Amigo.
O Irmão, o Salvador, Jesus, está aqui.

Chegou de caminhadas longas...vem cansado.
E traz de novo o sangue a refluir do lado...
Mistério de amor! Sou todo para ti

 

 

Homem que a vida levas sem pensar em mim.
Eu te convido às bodas...Vem para o festim...
Jamais te deixarei morrer de fome...Vem.

Coelho de Sousa: Devaneio (III)

DSousa, 17.06.08

 

 

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No alto duma cúpula erguida
Na trama de arcos góticos, esguios,
Está, braços abertos, uma cruz...

 

 

No chão do claustro, a sombra dela estendida,

É cruz maior que a cruz da minha vida!

 

 

Ajoelho e beijo a terra da cruz sombreada,

(No claustro da saudade,
É cruz a saudade...)

E ouço alguém dizer muito baixinho:
(É a saudade...)

"Ávante! Ávante!
Assim de rastos
É esse o teu caminho"

 

 

No claustro da saudade ainda estou sonhando ainda

 

 

Sonha minh'alma
Que o sonho é vida...
A noite é calma.
Sonhar convida!

 

 

Salamanca   31-10-952

 

 

 


 

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Coelho de Sousa: Devaneio (II)

DSousa, 15.06.08

 

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No claustro da saudade,quantos monges
tão rezado horas a sonhar?

(Eu sonho horas a chorar!
Que pranto  é doce e alaga o coração...
E eu creio que os meus olhos não sabem  rezar
senão outra oração...)

 

Sonha minh'alma
Sonha... Sonha...

 

O luar tudo branqueia em mar de luz:
As balaustradas carcomidas,

Esgares de caretas variadas,
Anjinhos que suportam as arcadas.
As ervas lá no fundo escondidas.
Assim como os tijolos já gastinhos
dos passos miudinhos
Dos monges e fradinhos
Que a sós viveram
E sós morreram
No claustro da Saudade...

 

 

 


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Coelho de Sousa: Devaneio (I)

DSousa, 13.06.08

 

 


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Devaneio (I)

 

 

 

No claustro da saudade estou sonhando...
 

 

 

Sonha minh'alma
Que o sonho é vida...
A noite é calma,

Sonhar convida!

 

 

No claustro há botaréus
De ideais erguidos para os céus.
E há fantasias de arcos que o luar beijando
Bordou de prata...
 

 

Sonha minh' alma
Que o sonho é vida...


O sonho
É passageiro como a aragem leve,
Eu sei...(E é quase sempre mentiroso!...)

Por mais que dure, é sempre muito breve.
Mas sonhar, é tão gostoso!


Sonha minh'alma
Que o sonho é vida

 

 


 

 

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Coelho de Sousa: Acção de Graças

DSousa, 11.06.08

 

 

 


 

 

 

Acção de Graças


 

Salmo


Graças vos dou, Senhor, pelos meus sentidos!

 

Graças vos dou, Senhor, pelo meu olhar;
pelo meu olfacto;
pelos meus ouvidos;
pelo meu gostar,
também pelo tacto...

Graças vos dou, Senhor, pelos meus sentidos!



Graças vos dou, Senhor, pelo meu pensar,
por minha vontade;
por minha memória,
o meu coração.

Graças vos dou, Senhor, por poder louvar
Vossa caridade
d'hoje até à glória...

Graças vos dou, Senhor, por esta oração.


Graças vos dou, Senhor, por ser quem sou.
Graças vos dou, Senhor, por serdes quem sois.

 

 

 

Salamanca, 29-X-952

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