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Saudades
Uma saudade ficou
perdida dentro de mim.
Nunca vi saudade assim
Quem seria que a encontrou?
Foi no mar que se perdeu?
(É um mar que eu tenho em mim?)
Nunca vi saudade assim
Se alguém a achou, não ma deu!
Saudade, sempre perdida
Perdida dentro de mim
Nunca vi saudade assim!
Saudade da minha vida...
Pergunto aos cardos e à bruma
Se a encontraram dentro em mim?
Respondem: Saudade assim
Não se encontra em parte alguma!
E no entanto é verdade
Perdeu-se dentro de mim
Nunca vi saudade assim
Saudade doutra saudade!
S. Rafael 9-II-956
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Para além da vista
Ainda no jardim havia rosas
Que me puseram junto a um livro aberto...
Assim parecem, frescas e formosas,
De oásis, qual sorriso num deserto.
Tão áridas que são, folhas custosas,
As folhas deste livro em mim desperto
Pegadas de leão e perigosas,
São letras dum texto em que me aperto.
Letras e rosas tudo juntamente;
Espinhos e palavras num só feixe,
Eu somente eu, sem que me deixe...
As rosas são ali junto do livro,
E eu junto de mim , que não me livro
Das garras do leão em mim presente.
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Julguei que me esperasse a Primavera
Na hora do regresso.
(Tenho a mania, confesso,
Que alguém me espera
Sempre que volto...)
Mas isto é sonho solto
Em noite de invernia
Mentira!
Junto a um anjo de safira
Esperava-me um dia
Uma rosa já sem brilho
Casada com um junquilho
Irmão da melancolia.
S. Rafael, jan. 1956
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- Digam mais ! Digam tudo!
Ao roxo da Quaresma que me invade
Atirem a pedrada do entrudo...
Mas, pelo amor de Deus, não matem a verdade!...
S. Rafael jan.1956
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Misterioso
Canto hindu
Na asa de um violino,
Tu,
ecoas dentro em mim
marcando o meu destino
sem fim.
Misterioso?
Sim.
Mem sei definir-te...
Nem sei
Porque te chamei
hindu
Talvez só rima?
Rimado comigo
talvez
Tu
és eu e não eu
Por cima do meu coração
Não eu
O que dirás?
Misterioso canto hindu
Eu rimado contigo
Tu...
Eu...
Só eu, indefinível
2-II-956
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Numa janela de oiro antigo
Um leão está cativo
O leão é meu amigo
Poque vive também vivo.
Em tempos era fera
O meu amigo leão.
Amansou-se à minha voz
Hoje é o meu coração
1-II-956
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Vieram-me pedir a sombra dum poema
Que em tempos eu perdi na berma dum caminho.
Mas como posso dar aquilo que perdi
Ou que, talvez melhor, eu nunca possui?
Somar à unidade um mais, não é problema
Que abarque o coração e a alma num espinho...
Mas só o que é perdido ou não se teve, é triste,
É impossível dar o que já não existe.
S. Rafael 28-I-956
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