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À Ponta Negra
Dou à vida voltas mil
Num rosário sem ter fim...
Glória a Deus! No mês de Abril
Descansei - Porto Martim
E nesta pausa eu medito
ser sabido e ser estranho!
Com assombro anoto e grito
Que já não sei donde venho
Mar amplexo à pedra viva,
Sol e sol que se procura...
E repouso dê e vá
Ao retorno de alma pura
Ser gaivota aureolada
Que a espuma clara beijasse,
Ter asas cheia de nada
E de tudo plena a face.
Ser das ondas o monge
Na cerca da maré-cheia
Com o meu convento ao longe
Onde a vida é uma teia!
Atirar aos céus o mote
Do meu sonho reticente
E ser mais que D. Quixote
Neste crer de frente a frente.
É rezado o livro de horas
Encerrou-se a última página
Sem miragens tentadoras
de que a alma se fascina.
Não pisar o risco e a regra
Quem ao amor se acostuma!
Como é posta a Ponta Negre
E do mar a branca espuma...
E se o mar não me quiser
E a pedra me rejeitar
S. José há-de valer
Pela pedra e mais o mar
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Hino
É Primavera
Regressei,
Pois volto sempre
A este encontro ajustado...
É de lei
É certeza
Neste vaivem do meu fado!
Regressei,
Como podia estar longe
Sabendo
Que estavas à minha espera?
Regressei
e hoje
Que voltei
exulto num hino estupendo:
É Primavera
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Relicário
Somente assim como és
prudente
e calado,
Sincero
Um grande mar sem marés,
transparente,
onde sigo embarcado
Eu te quero...
E porque havia de fingir?
Porquê diria o contrário?
Se aberto é o que se esconde?
Porquê?
Sem ti não sei como ir
Se tu és o relicário
Onde guardo a minha fé?
Sábado, 18-IV-964 S. Mateus
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Ao Vento
Ventania agreste
Eu sei que vens de Deus mandada lá do alto
Mas desceste
Uivando como um cão raivoso à minha porta…
Gritaste em desespero
Como fora alma penada
Que o vaguear constante não suporta
Passaste no jardim como um incêndio frio
Tu vens de Deus mandada
Mas quando passas
Não deixas ficar nada…
Nem ao menos o silêncio
Com que gostava de te ver passar
Ventania agreste,
voltando à minha porta, poderás cantar
mas não uivar que metes medo
E se és alma penada,
Vai-te esconder depressa num rochedo
Muito distante, além do mar
Assim não voltes mais
Que levas tudo…até meus ais!
S. Rafael, 2-11-954
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Espera
Na berma do caminho, sempre à espera
Um passarinho estava noite e dia
Cantava em sol maior de Primavera
A partitura inteira da alegria.
Esperando que eu passasse, conhecia
O rumo que levava e quem era
Adivinhava os passos que trazia
O que sonhara em vão e não fizera…
Agora que morreu o passarinho
A primavera passa mui calada
Sem partitura alegre no caminho
Que fique este soneto a relembrar
O canto de uma voz que volveu em nada
Mas que passou a vida à espera
17-VII-954
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Procissão
No seu andor de setim
Vai a Virgem sorridente
Vai olhando toda a gente
E também olha para mim.
Tem nos braços o menino
Todo feito num sorriso
Duplo sorriso…Divino
Mãe e Filho…Paraíso.
E ao passar a procissão
Fiz um pedido arrojado:
Basta de caminho andado
Ficai no meu coração.
S. Rafael-16-VII-954
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Espelho
É paraíso esta lagoa
Onde o sol se espelha num sorriso…
Assim,
Não sei onde é maior a altura deste céu
Que eu vejo muito distante além dos montes
Ou muito perto, no cristal
que o barco vai rasgando em mil estilhas
Só porque ao céu nos leva a esperança
Eis o colar de verdes que a cingiu
Em tarde monacal…silenciosa!
Como é bom pisar este caminho verde
Nas asas de dois remos
Que vão partindo as nuvens do espelho
em pedrinhas de água.
Furnas, 1954
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