Terça-feira, 25 de Novembro de 2014
Seis horas antes
Maria,
Enquanto dormes um momento só
Nessa agonia
Lenta
Que te mirra a vida
Em menos que pó,
Minha alma agradecida
Experimenta
O que há-de ser um dia
O meu viver sem ti:
Temendo a solidão aqui.
Há-de haver caldo em nossa mesa.
Há-de voltar o sol à escuridão
em que te esvais
E com certeza
As flores que plantaste crescerão
Iguais
No teu jardim.
Mas há-de haver também
E muito mais
Dentro de mim
Uma saudade enorme dos teus olhos, mãe.
Quinta-feira, 13 de Novembro de 2014
SOBRE A BREVIDADE DA VIDA
SOBRE A BREVIDADE DA VIDA
Passagem de um sermão do P.e Coelho de Sousa pregado em 1951, depois do sismo que abalou a Terceira em 29.12.1950
Era 14 de Janeiro, aquele domingo escuro. Duma atmosfera densa de pesadelos… em que Angra fora por 6 vezes abalada.
Estava eu em S. Sebastião. O eco dos acontecimentos repercutia-se medonho, acabrunhante. Enriquecido de circunstâncias irreais, pintara-se da cor da morte em muitas almas temerosas…
Foi então que ouvi este desabafo, natural, oportuno e certíssimo, da boca dum jovem amigo:
“Ah! O que é a nossa vida! Um punhado de preocupações e medo! Não vale nada. É tão breve… É como aquela ribeira que ali corre, apressada a caminho do mar da eternidade!”
- É verdade meu amigo.
Caía a noite. Íamos para a velha matriz. À entrada despedimo-nos na frase feita dum adeus se Deus quisera.
Horas antes

Maria,
Enquanto dormes um momento só
Nessa agonia
Lenta
Que te mirra a vida
Em menos que pó,
Minha alma agradecida
Experimenta
O que há-de ser um dia
O meu viver sem ti:
Temendo a solidão aqui.
Há-de haver caldo em nossa mesa.
Há-de voltar o sol à escuridão
em que te esvais
E com certeza
As flores que plantaste crescerão
Iguais
No teu jardim.
Mas há-de haver também
E muito mais
Dentro de mim
Uma saudade enorme dos teus olhos, mãe.