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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

SOBRE A BREVIDADE DA VIDA

DSousa, 13.11.14
SOBRE A BREVIDADE DA VIDA

Passagem de um sermão do P.e Coelho de Sousa pregado em 1951, depois do sismo que abalou a Terceira em 29.12.1950

Era 14 de Janeiro, aquele domingo escuro. Duma atmosfera densa de pesadelos… em que Angra fora por 6 vezes abalada.
Estava eu em S. Sebastião. O eco dos acontecimentos repercutia-se medonho, acabrunhante. Enriquecido de circunstâncias irreais, pintara-se da cor da morte em muitas almas temerosas…
Foi então que ouvi este desabafo, natural, oportuno e certíssimo, da boca dum jovem amigo:
“Ah! O que é a nossa vida! Um punhado de preocupações e medo! Não vale nada. É tão breve… É como aquela ribeira que ali corre, apressada a caminho do mar da eternidade!”
- É verdade meu amigo.
Caía a noite. Íamos para a velha matriz. À entrada despedimo-nos na frase feita dum adeus se Deus quisera.

Horas antes

DSousa, 13.11.14

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Maria,

Enquanto dormes um momento só

Nessa agonia

Lenta

Que te mirra a vida

Em menos que pó,

Minha alma agradecida

Experimenta

O que há-de ser um dia

O meu viver sem ti:

Temendo a solidão aqui.

Há-de haver caldo em nossa mesa.

Há-de voltar o sol à escuridão

em que te esvais

E com certeza

As flores que plantaste crescerão

Iguais

No teu jardim.

Mas há-de haver também

E muito mais

Dentro de mim

Uma saudade enorme dos teus olhos, mãe.