Na reportagem de " A União" de 1 de Outubro sobre a sessão do dia anterior de homenagem a Coelho de Sousa faz-se referência à sua actividade de professor e a um blog.
Em relação à actividade de Coelho de Sousa como professor, há um omissão.
Não se faz qualquer alusão a um dos cenários principais dessa sua acção. O Seminário Diocesano de Angra.
Com efeito, logo a seguir à sua ordenação sacerdotal, em Julho de 1948, Coelho de Sousa foi nomeado professor de Língua Portuguesa no Seminário de Angra.
Exerceu essa função durante os 4 anos seguintes, até a sua ida para a Universidade de Salamanca, em 1952.
Regressado aos Açores, continuou o exercício dessa função, em vários anos lectivos da década de 50, em simultâneo com a sua actividade oficial de Capelão da Casa da Saúde de São Rafael e de Chefe de Redacção de "A União".
Existe mesmo uma descrição emociada dessas aulas, feita por Caetano Valadão Serpa, Ph. D. do Cambridge College de Massachusetts, USA, e, então, seu aluno:
"Dava gosto indescritível vê-lo declamar com alma franca de artista extractos dos clássicos da literatura portuguesa.
Ainda hoje, de olhos fechados, consigo visionar o seu perfil inconfundível, na nossa frente, sobre o estrado rústico, enterrado na carteira inconfortável, segurando com uma das mãos o livro e a outra o rosto, com o indicador e polegar erguidos e os outros fechados sobre a palma da mão, enquanto batia as sílabas com ênfase de mestre e místico da arte de bem dizer. O silêncio intensificava-se e a atenção despertava nas nossas mentes fluídas entre aquelas quatro paredes amareladas e despidas de qualquer distracção ornamental
Era real a transformação da classe em terreno fértil de germinação com interesse por bastante mais que o prosaico da imediatez diária da vida no Seminário de Angra desse tempo.
Vinham os monótonos e regimentados passeios semanais pelo Pátio da Alfândega, Monte Brasil, ruas da cidade e, às vezes, Jardim Público; as excitantes partidas de futebol; as fervorosas preces matinais e vespertinas; as paixões e distracções momentâneas nascidas dessa existência reclusa e perdida no sacrifício da rotina imposta.
Mas das aulas de Coelho de Sousa nascia sempre alguma esperança para mitigar essa disciplina de ferro, esse isolamento asfixiante e essa ausência insuportável de mais de metade da humanidade.
Deste modo, para mim pessoalmente, e creio também para muitos outros, a influência benéfica de Coelho de Sousa, o mestre e o artista, não foi apenas fruto do acaso para consumo de uma época já distante e ultrapassada, nesses anos de adolescência, mas herança preciosa que guardo com muito carinho e apreço".
Quanto ao blog a que se faz alusão na reportagem, trata-se deste humilde "Álamo Esguio".
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