Texto lido pelo Presidente da Junta da Vila, José Avelino Cardoso, na sessão comemorativa, realizada em memória e homenagem do P.e Coelho de Sousa, em 30 de Setembro de 2005.
"Este acto que hoje aqui promovemos e realizamos, à memória e de homenagem ao Padre Manuel Coelho de Sousa é um daqueles actos e situações em que sinto que esta representação, que me cabe na qualidade de eleito e representante do povo desta Vila, não é somente formal ou oficial.
Não é somente a representação da Vila, enquanto entidade histórica jurídica e política abstracta, com existência própria, separada dos seus habitantes.
Ou então, enquanto entidade, cujos interesses e necessidades de conjunto, mais imediatas e prementes, tenha de representar e defender junto de outras entidades públicas ou privadas.
O que eu sinto e tenho consciência de representar, neste momento e nesta comemoração, em nome de todos os sebastianenses, em nome daqueles que estão nesta sala e mesmo daqueles que, por qualquer circunstância, não puderam aqui estar, é aquilo que todos nós temos de melhor e mais pessoal. Aquilo que é mais fundo e autêntico em cada um de nós. Os nossos sentimentos. Os sentimentos dos habitantes desta Vila, em relação a Coelho de Sousa.
Em primeiro lugar, os sentimentos de orgulho e satisfação, pelo Padre Coelho, como mais familiarmente era conhecido, ter sido um dos filhos desta Vila mais importantes e mais ilustres do século passado.
E que não foi filho da Vila, só por força do nascimento, que não podia ter escolhido, mas por haver tido, sempre, esta Vila, como sua residência, seu lugar de regresso, seu lugar de paixão e de recobro de energias e ânimo.
Mesmo, quando, por circunstâncias da vida ou das numerosas e variadas actividades que lhe preencheram e desgastaram os anos e a vida, não residiu em permanência em São Sebastião, a Vila foi sempre o horizonte desejado para as horas em que a escolha dependia só dele próprio e da sua vontade.
A prova decisiva desta atitude constante de Coelho de Sousa foi a escolha de São Sebastião para assumir responsabilidades paroquiais nos anos sessenta.
A sua escolha recaiu precisamente em São Sebastião, contra a tradição que não recomendava que um padre exercesse funções de pároco na freguesia da sua naturalidade e de residência dos seus familiares e parentes.
E menos habitual ainda era, que alguém se mantivesse nessas funções, sem qualquer interrupção, até ao fim dos seus dias.
Com efeito, só a morte conseguiu terminar, com aquilo que resistiu a todas as circunstâncias que marcaram a vida de Coelho de Sousa, como Padre, professor, orador, conferencista, escritor, poeta, jornalista, pintor, homem do palco e da escrita para o teatro e para o Carnaval.
Como artista, no temperamento, na alma e nas obras.
Circunstâncias essas que, muitas e muitas vezes, o convidavam a esquecer e a abandonar a freguesia de São Sebastião, da sua infância e juventude.
Mas nada conseguiria, em vida, quebrar esta sua ligação vital e profundamente afectiva à Vila.
A própria morte, de Coelho de Sousa, só roubou à Vila, aquilo que, dele, nunca coube nos estreitos limites geográficos da Vila. O seu espírito.
Porque o seu corpo continua na Vila.
Como morada tão eterna para o corpo, no bom fim da campa rasa que ele pediu e cantou em poema, como se espera que a luz que lhe iluminou o espírito, lhe seja morada para todo o sempre.
Senhoras e Senhores
Sebastianenses,
Sobre Coelho de Sousa nada mais direi.
O muito que haverá sempre a dizer sobre Coelho de Sousa, a sua vida e obra, deixo-o para outro terceirense ilustre, o Professor Doutor Luís Fagundes Duarte, natural da Serreta, que amavelmente se prontificou a partilhar com os sebastianenses, nesta sessão, o seu muito saber de especialista, falando-nos da obra, nomeadamente da obra poética, de Coelho de Sousa.
Termino, com um especial agradecimento a todos aqueles que tornaram possível esta homenagem.
Particularmente, ao Dr. Dionisio de Sousa, às associações de São Sebastião, o Grupo Folclórico, o Coro da Vila, o Coro dos Idosos e a Filarmónica pelas instalações e sua actuação.
Agradecimento ainda para aqueles que nos deram a honra da sua presença nesta mesa, Dona Genuína, a única irmã viva do Padre Coelho, em representação da família, a Senhora Vereadora da Câmara de Angra, Dr.ª luisa Brasil, em representação do Concelho de Angra e, finalmente, por último e mais importante, o membro do Governo Regional, Eng.joaquim Pires, em representação de toda a Região.
À comunicação Social presente e à que referiu este acontecimento e a todos os sebastianenses presentes nesta sala, o meu sincero obrigado.
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