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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Um testemunho

DSousa, 03.09.05
Há poucos dias, recebi o seguinte cartão, acompanhado de cópia do artigo a que nele se faz referência e de que reproduzo parte.

 

 Agora que tive conhecimento da sua morte, as suas palavras ecoam-me nos gonzos da memória. Meu saudoso professor de português no então Liceu Nacional de Angra do Heroísmo, foi pela mão dele que eu iniciei a aventura da escrita. Dificilmente esquecerei aquele dia em que ele confirmou, numa aula, a existência de Deus, nestes termos: “Deus existe. Nunca O vi, mas sei que Ele existe. Também não vejo o vento, mas sei que ele existe porque o sinto a bater-me na cara”.


Referência indelével no imaginário de várias gerações de estudantes, o “padre Coelho” (como era popularmente conhecido) possuía o charme discreto de quem nunca deixou de sonhar intensamente. Foi um padre “progressista”, na verdadeira acepção da palavra. Mas sempre se assumiu como homem do povo, mantendo-se fiel às suas origens humildes e populares. Poucos como ele estiveram atentos às manifestações da cultura popular terceirense. Ele amou profundamente o seu povo.


Com o povo viveu, festejou e sofreu. E exerceu o ministério sacerdotal de forma apaixonada. Sempre de forma apaixonada.(…)


Vivendo no microcosmo da ilha Terceira, o padre Coelho de Sousa foi um homem profundamente universal. Ele sentia em si todo o Universo e toda a dor do mundo. Viveu de actos e palavras, notabilizando-se como orador sacro: denunciou a falsidade, o egoísmo, a injustiça, o cinismo, a corrupção e a insensatez dos homens. (…)


Nas suas crónicas, Coelho de Sousa assumiu sempre a lucidez de uma consciência critica perante o mundo que o rodeava.


Aliás convirá aqui referir que, em tempos de repressão fascista, ele foi a coragem e a voz resistente — no púlpito, na escrita e aos microfones do Rádio Clube de Angra, de que foi director.


Eloquente e afável, Coelho de Sousa foi um homem da metáfora poética(…)


A obra poética de Coelho de Sousa espelha bem a lucidez fascinante do seu autor. Poeta do humano e do simbólico, a sua poesia conta e canta a trindade Criador-Amor-Ilha, e é atravessada por esse amor pressentido, luminoso e feliz.


Pintor que também foi, Coelho de Sousa retratou a alma humana no tempo da angústia e da solidão enorme.


E fixou, em tintas de esperança, a evidência e a plenitude do amor.


“A minha guerra é de Amor”, escreveu num dos poemas insertos em “Três de Espadas”.


A vida de Coelho de Sousa não foi outra coisa senão isso mesmo: uma guerra de. amor ao próximo.


Afinal Deus existe! E, decididamente, o Padre Coelho está vivo.

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