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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Álamo

DSousa, 26.12.04

Álamo esguio


Transido nas alturas como quem tem frio,

Tremulam tuas folhas de inconstante esperança...

Assim,

Tu és igual a mim.

Tu tens de herança

O gosto de subir.

Pareces duas mãos em gesto de pedir

Numa oração nervosa.

E a tua solidão

Silenciosa,

É como a folha branca dum missal

Onde ninguém tivesse escrito nada...

E mais,

Tu tens coração

Feito de nuvens outonais

Sem vendaval

De qualquer paixão...

Mas mesmo assim,

Serás igual a mim?

Não.

Não pode ser que trago a alma rabiscada

Em letras mil de mil poemas confundidos.

É tua e minha a solidão.

Mas é só teu aquele silêncio esguio

Transido nas alturas como quem tem frio...


S. Rafael, 1954


"Poemas de Aquém e Além",
Coelho de Sousa,
União Gráfica Angrense,
Angra do Heroísmo, 1955, pags. 33-34