Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Feliz o homem...

DSousa, 15.11.13

 

 

 

Feliz o homem rico duma ideia certa

acesa sobre o monte e a cidade aberta.

 

 

Se a firme esperança retida

Na cubagem do meu ser

Não me amarrasse esta vida

Como seria o morrer?

 

Pródigo de ir e voltar

esfarrapado: confesso,

no sentir da vida o mar

Contra a rocha e o avesso...

 

E depois de anel no dedo,

Sentado à mesa e refeito,

fica a sombra do degredo

a descansar no meu peito.

 

 

 

SE

DSousa, 29.10.13

 

 

 

                        Se

 

Se o barco para andar de continente

em continente fosse todo aberto

a conquistar estrelas subtilmente,

 

Em soma de rosário de oiro ou se a

maré beijasse o meu sonho deserto

Sem turbilhão que fosse a grande nausea,

 

e a rede bem cerzida não rasgasse

a pesca na direita e certo o leme,

volvida ao sol-manhã a rubra face,

 

Como pendão real no alto mastro,

Seria então um marinheiro indemne

Aureolando a vida no teu rasto.

 

 

Frustração

DSousa, 02.10.13

 

 

 

 

                      Frustração

 

À sombra da distância que ficava

Solícita de mim a tua boca

Surgiu escaldante a rubralava

Que me queimou a vida rara e louca

 

E nunca mais fui o que julgava

Feito promessa exacta. A sorte pouca

Amargurada aqui me prende e cava

Abismo cinerário que me apouca.

 

Verme querido em pó que se definha

E já não sei olhar bem para o alto

O que lhe resta agora por dizer enfim?

 

A cupa não foi tua...é toda minha.

Se mais me humilho, muito mais me exalto

Perdão. Eu me confesso. És para mim!

...

DSousa, 03.09.13

 

 

Perfazem-se hoje 18 anos sobre a data da morte de Coelho de Sousa (2 de Setembro de 1995). Podia recordá-lo de muitas maneiras. Por palavras minhas. Por palavras dele próprio  Prefiro fazê-lo através de um episódio narrado por outra  pessoa. Por Onésimo Teotónio de Almeida.

 O facto de eu ter uma biblioteca  que bate recordes de desorganização, permite-me descobrir de quando em vez novidades “antigas” que a memória esquecera. Ontem mesmo, fui redescobrir os”Onze Prosemas” do Onésimo. Num deles  - o prosema sobre a nuvens -  Onésimo viaja de avião sobre os  gelos Da Gronelândia, quando o comandante de bordo anuncia que se encontravam a sobrevoar “north of Terceira Azores”. A informação deixou indiferente os restantes passageiros. Apenas Onésimo abriu uma nesga da sua persiana. Mas, diz Onésimo, “nada de ilha e nem sequer mar só nuvens e mais branco e de repente uma alucinação  Não é a Serra de Santa Bárbara essa não  fura assim este algodão espesso mas o PICO ele mesmo ou a ponta dele um cone de azul plantado sobre aquela imensidão de branco sereno e altivo imponente e majestático altaneiro e belo que o padre Coelho na aula de português disse parecer um seio mas isso era visto de Angra o cimo da montanha sobre o corpo de São Jorge como se de uma mulher deitada ou sereia estendida de costas(...)

Só eu levarei comigo na bagagem para casa aquele cume da montanha do Pico que eu sozinho namorei de longe muito longe e era azul suave e talvez mesmo um seio terno como na metáfora do padre Coelho na minha aula de português”-

 

Nota oportunista. Curiosamente, hoje, também foi desbloqueada a situação de impasse que impediu durante alguns dias que o “Testamento Poético” de Coelho de Sousa estivesse acessível para aquisição. Lembro o link  http://www.bubok.pt/livros/7321/TESTAMENTO-POETICO. 

Ela

DSousa, 26.08.13

 

 

                                   Ela

 

A passo de gigante

A noite se avizinha...

E com ela me invade

A sombra deslizante

Da pungente saudade

.

 

A minha alma é sozinha

 

 

Há-de vir lua, estrela

Infinitude e calma

E do silêncio o canto...

Porém, tal como o dela

Amor ninguém nem tanto.

 

 

Só ela era a minha alma...

 

15/9/966

 

 

 

 

 

As IIlhas

DSousa, 01.08.13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As Ilhas

 

As ilhas que tenho e conto

Em minhas mãos pelos dedos

Fazem mais que um arquipélago

Com mistérios e segredos

 

E os sonhos também são ilhas,

Com arabescos e certezas

Mais ainda o grande amor

Que nos traz as almas presas.

 

Água do mar é espelho

Onde a gente se revê

De me rever estou velho

Sem saber bem por que é

 

Dorme, dorme ilha do sonho,

Cantam as ondas do mar.

Que as ilhas também se adormem

Com cantigas de embalar

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As Ilhas

 

As ilhas que tenjo e conto pelosd dedo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As Ilhas

 

As ilhas que tenho e conto

Em minhas mãos pelos desdos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As Ilhas

 

As ilhas que trenho e conto

Emminhas mãos pelos dedos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

As Ilhas

 

 

 

 

 

...

DSousa, 17.07.13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

                 Soltas

 

O meu amor não carece

Sobre a luz qualquer fronteira

Se o fogo que arde é de prece,

Deixem arder a fogueira

 

Eu também tenho direito

de dizer: isto é meu.

Eu sou dono de uma nuvem

Que vai correndo no céu.

 

Quantas ondas tem o mar

Quantas estrelas o céu?

Ninguém as pode contar,

Muito menos posso eu.

 

Cantigas ao sol de Maio

São contas do meu rosário

Com elas de engano saio

Contra mim e o mundo vário.

 

 

 

 

 

 

Demora

DSousa, 26.06.13

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Para além daquele cabo

O meu amor à espera

Como o nenúfar do lago

Anseia pela Primavera

 

 

E o mar que nos separa

franjando a costa de espuma

grita na sua voz preclara

Tal como ela é nenhuma.

 

 

Mar da saudade que as horas

tornam dias, tornam anos

Que os minutos são demoras

Quando amaré for de enganos