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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Aquele Adeus era de Irmãos (III)

DSousa, 17.10.07


(III)









Ela


Irmão, tu dizes bem..

Senhor,
Perdoa,
Se recordar não é virtude boa...

Mas, quando veio a notícia
Que em Roma já não estava
O estudante de Múrcia,
E que ninguém o sabia,
Que toda a gente ignorava
O silêncio onde vivia,

Irmão, Irmão,
ai a dor!
Que varou em susto o coração!

Tinhas corrido ao deserto
por fazer da tua alma
um livro aberto
em amor, em graça, em calma!


E agora,
Meu Deus! Nossa Senhora!
Como tudo vem mudado...
Lá  no Monte alcandorado
Irmão Bento
O teu convento...

E aqui na rasa planície
O Senhor me tem guardada...
A nossa vida é feliz, abençoada!



Para a maioria dos leitores, que não terão conhecimento dos factos que estão na  na origem deste texto de Coelho de Sousa, aqui se reproduzem, tal como vêm descritos na Enciclopédia Verbo:
"Santa  Escolástica,Monja, irmã de São Bento (c.480-c.547) Segundo os "Diálogos" de São Gregório Magno, teria sido consagrada à vida religiosa desde a infância, e veio a habitar com outras monjas perto do Mosteiro  de Monte Cassino.  Encontrava-se de vez em quando com  o irmão para  conversarem de assuntos espirituais. Numa ocasião obteve do céu uma tempestade para prolongar o colóquio espiritual. Três dias depois, São Bento viu a sua alma subir aos Céu em forma de pomba, e mandou enterrá-la no seu próprio túmulo".







Coelho de Sousa: Aquele Adeus era de Irmãos (II)

DSousa, 15.10.07


(II)





Ele

            Mas, senhora irmã
porque voltas a pensar
em coisas tão antigas?

Não vês que já tombou em pão sobre o altar
a loira cor madura das espigas?


A nossa idade,
a nossa vida... este lugar,
exigem um olhar,
outro falar
de eternidade...

Vamos irmã,
é bem melhor
cuidar do santo amor...



Para a maioria dos leitores, que não terão conhecimento dos factos que estão na  origem deste texto de Coelho de Sousa, aqui se reproduzem, tal como vêm descritos na Enciclopédia Verbo:

"Santa  Escolástica,Monja, irmã de São Bento (c.480-c.547).
Segundo os "Diálogos" de São Gregório Magno, teria sido consagrada à vida religiosa desde a infância, e veio a habitar com outras monjas perto do Mosteiro  de Monte Cassino.  Encontrava-se de vez em quando com  o irmão para  conversarem de assuntos espirituais. Numa ocasião obteve do céu uma tempestade para prolongar o colóquio espiritual. Três dias depois, São Bento viu a sua alma subir aos Céu em forma de pomba, e mandou enterrá-la no seu próprio túmulo".






Coelho de Sousa: Aquele Adeus era de Irmãos (I)

DSousa, 13.10.07


(I)




Irmão!
Recorda aquele dia em que partiste...

Ias contente...

Mas triste
ficou a nossa casa,
o nosso coração,
e toda a gente.



Tu foste de abalada para Roma
E da infância, o doce aroma
em  Múrcia, também foi.

Que medo!
Quem sabe, a cada esquina a nossa vida
traz um segredo...
E tu, adolescente
e só,
partias...
embora fosses contente...

Os nossos pais e eu e toda a gente
lembravam alegrias
dum passado em pó!
E o temor em te perder
enegrecia os nossos dias.




Para a maioria dos leitores, que não terão conhecimento dos factos que estão na  origem deste texto de Coelho de Sousa, aqui se reproduzem, tal como vêm descritos na Enciclopédia Verbo:

"Santa  Escolástica,Monja, irmã de São Bento (c.480-c.547).
Segundo os "Diálogos" de São Gregório Magno, teria sido consagrada à vida religiosa desde a infância, e veio a habitar com outras monjas perto do Mosteiro  de Monte Cassino.  Encontrava-se de vez em quando com  o irmão para  conversarem de assuntos espirituais. Numa ocasião obteve do céu uma tempestade para prolongar o colóquio espiritual. Três dias depois, São Bento viu a sua alma subir aos Céu em forma de pomba, e mandou enterrá-la no seu próprio túmulo".







Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (XIII)

DSousa, 24.03.07



Dois Poemas num adeus



Adeus







Ouvinte açoriano,
Dentro de todo o ano
Novembro é o mês do adeus
Que mais custa em nossa vida...



É mês que lembra os mortos
A quem adeus por despedida
Nós dissemos a chorar!




Adeus meu Pai... minha mãe!
Meu irmão...minha irmã.
Meu parente... Meu amigo...
Vou convosco...Vou contigo...
Nas asas duma oração;
A minh'alma... o coração...



Té o dia do encontro...
Que o amor é terno laço
Que ao céu nos há-de levar
Para em Deus nos abraçar...



Na morte não finda a vida
Que a vida se transfigura
na mais excelsa ternura
Da glória eterna de Deus!



E é esta a doce vida
Que há-de ser a nossa vida!

Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (XII)

DSousa, 22.03.07


Dois Poemas num adeus



Adeus








Um adeus, terno desejo
De ficar e ir também...
A vida presa num beijo
do amor que alma tem!


Dizer adeus é a sorte
Do nascer até à morte



E tu e eu num adeus...
E toda a gente a partir...
A juventude a sorrir...
E a velhice sem q'rer ir!



Sonhos satisfeitos! Adeus!
Fecham-se os olhos: adeus!
Derradeira fala...adeus...
E a terra nos cala, adeus!

Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (XI)

DSousa, 20.03.07

Dois Poemas do adeus




Adeus








Foi só este o comentário
Que os pais fizeram um dia...
Não há cruz sem ter calvário,
Nem morte sem agonia!




E a luz também se apaga.
Não há ausência sem dor.
Um adeus outro adeus paga
nas dívidas do amor...




Há-de vir um dia então
Em que junto do caixão
O adeus é mais pungente...
Adeus mãe... E pai adeus...
Hão-de dizer-nos de frente
Até nos verem nos céus!



Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (X)

DSousa, 18.03.07



Dois Poemas num adeus



Adeus








Adeus Mãe! E adeus Pai!

Ai!

A sedução do dinheiro.
O menino é marinheiro
Foi-se embora... Embarcou...
Num adeus os pais deixou!




Vem um dia lá da América
Carta cheia de saudades:





Da pena lancei a mão
p'ra vos saber da saúde,
Mais cedo ainda não pude,
Não deixou meu coração.




A saudade, amargo fel,
tortura-me com prazer.
E o pranto alaga o papel,
Quando vos vou escrever...



Mesmo esta que aí vai
Quanto pranto ela recolhe!...
É como chuva que cai,
não passando que não molhe...



Uma só palavra diz
toda a minha saudade...
Adeus! Mil vezes adeus!
É esta a pura verdade!




Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (IX)

DSousa, 16.03.07

Dois Poemas num Adeus




Adeus









Quando a filha chega a casa
E a mãe vai por beijá-la...
Diz a filha, a cara em brasa,
mastigando cada fala:








Minha mãe, é hoje o dia
Do Manuel me vir pedir...





E a mãe chora a repetir,
Dizes-me adeus, oh! Maria...
Foi assim o que eu já fiz...
Pois adeus... e sê feliz...



E o adeus do casamento,
Não tardou... Foi um momento!


Adeus!  Adeus!

Coelho de Sousa: Dois Poemas num Adeus (VIII)

DSousa, 14.03.07

Dois Poemas num Adeus



Adeus










Ficou-se em casa linda filha...
Dobam linhas os seus dedos...
Que renda! Que maravilha!
Mas traz na alma segredos...




É um domingo de festa...
E a Maria tão modesta
Tem um vestido riscado
De tafetá em xadrez...



À esquina o namorado,
Nervoso - (A primeira vez!..)
- Adeus! Maria! E então?
Sempre é meu teu coração?
-É claro! Vamos embora!



Um outro adeus, nasce agora,
a caminho da Igreja...