Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (I)



Romance das mães que choram
vou contar em verso branco
Para honrar todas as mães
Que já choraram nesta vida.
Quem mais ama é quem mais sofre
E mais que a Mãe ninguém ama.
É por isso que o seu pranto
É maior que o mar imenso.
O seu pranto hei-de guardar
em meu coração de filho.
Nascemos para sofrer
E o pranto alivia a dor!
Certa mãe que eu conheci
Ao filho do seu amor
Esperou os meses todos.
E dizia a toda a gente:
Há-de ter olhos azuis,
Há-de ser branco de neve,
Nascerá rindo para mim.
Foi uma filha ceguinha
E escura como a dor
Que veio ao mundo a chorar.
E depois de baptizada
A menina foi-se embora
Abrir os olhos no céu.