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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (XVI)

DSousa, 26.03.08




Romance das mães que choram (XVI)



Na mesa do comer está vazio
O prato e o lugar que ele deixou
Com lágrimas nos olhos, sem amparo...

Um coração de mãe, assim quem viu?
Até o pai também o expulsou
Fazendo o mesmo os irmãos!

Que caso raro!

Ainda se ele fora outro pródigo
Ingrato ou perjuro ou malfeitor,
Um revoltado ateu, talvez perdido,
Merecia pesado  o seu castigo

Mas não, pois tinha na alma igual amor
A quanto deles tinha perdido.

Coelho de Sousa: Do amor e do ódio (VIII e Último)

DSousa, 01.01.07


Palestras de Domingo



Do amor e do ódio





Um falso amor de causas e de partidos,
um querer só para si,
postergando a verdade
e justificando o iníquo,
cegando a justiça,
destruindo a ordem,
isto é o ódio.

É verdade que pregou o P.e António Vieira:

"Melhor é o ódio que nos salva,
do que o amor que nos perde."

Estamos plenamente de acordo,
quando o ódio que nos salva é o amor que dá vida,
quando o amor que nos perde é o ódio que nos mata.

Bem se diz e não é mentira:
O ódio é o amor ao contrário.

Porém, diante de Deus e do seu altar, só vale o amor que é absolutamente o antónimo do ódio.

Coelho de Sousa: Do amor e do ódio (VII)

DSousa, 30.12.06
 


Palestras de Domingo



Do amor e do ódio




E senão, veja-se:

Se vais junto do altar de Deus fazer a tua oferta, estando mal com o teu irmão, deixa aí o que levas para ofertar e vai primeiro ao encontro duma reconciliação de amor.

Uma alma não se eleva sem elevar o mundo consigo.

Uma oferta não tem valia se o coração está dividido.

Deus não aceita a oferenda para si quando ela não trouxer consigo os que são dele e nele estão.

É que só o amor uniu o que estava separado.

E só o ódio tenta, hoje como sempre, quebrar o que em Deus, por Cristo, a Graça prendeu e divinizou.

E pensar a gente que, às vezes, os ódios de famílias e nações nascem e avolumam-se dum despeito ou dum ciúme, dum palmo de terra ou dum adjectivo de louvaminha untuosa.

Coelho de Sousa: Do Amor e do Ódio (V)

DSousa, 26.12.06

Palestras de Domingo

 

Do amor e do ódio

 

 

Depois dos sacrifícios de Abel e Caim que o ódio invejoso dividiu e separou na morte.

Não é mentira dizer que

"O ódio está tão entretecido com as fibras mais subtis e profundas do organismo humano;
Está tão dissolvido em cada gota do nosso sangue;
que pode dizer-se, sem receio de exagerar, que só ele tem escrito mais de metade da história da família humana.

Sim, pelo menos, até à vinda de Cristo ao mundo.

Antes do canto de Belém - paz aos homens de boa vontade - a humanidade afinada por aquele célebre dente por dente, olho por olho, tinha para si,como escreveu Tácito:


Que era próprio da sua condição odiar o que ofende...

Foi Cristo que, renovando a face da terra, imolado pelo ódio na ara do amor, proclamou a plenitude da lei:

Amar não só quem nos ama, mas mais, muito mais, quem nos odeia.

Querer bem ao nosso inimigo. 

Coelho de Sousa: Do amor e do ódio (IV)

DSousa, 24.12.06

 

Palestras de Domingo

 

Do Amor e do Ódio





Não somos absolutamente da opinião criticável de Mantegazza que afirmou
que o sentimento mais humano era o ódio.

Embora seja verdade que o que sucede ao muito amor, quando quebrado, é o rancor do ódio insatisfeito.

E o pecado original foi a quebra do amor inicial, paradisíaco.

No complexo racional humano é bem verdade que o ódio é paixão mais viva que a amizade.

Porque se o amor é elevação, compreensão, doação, atractivo que identifica e imola,
o ódio é despeito e vingança, crueldade e rancor, despotismo e cegueira, crime e desgraça.

Se um bem traz consigo um cento de virtudes, muitas vezes um mal, aqui o ódio, faz-se acompanhar de uma infinitude desgraçada.


Coelho de Sousa: Do Amor e do Ódio (III)

DSousa, 22.12.06

 

 

Palestras de Domingo

 

Do amor e do ódio

 

 

Pode-se viver na miséria e na tristeza,
quando há amor está-se na felicidade.


É por isso que a maior parte das vezes
há mais felicidade debaixo da capa de remendos
e na choça esburacada
que no brocado roçagante
ou no palácio encantado.

Tudo está no amor, fonte e mar, estrela e ceu, flor e fruto da verdadeira felicidade.

O antónimo do amor é o ódio.

Diz-se mesmo que o ódio é o amor às avessas.
É de Carlyle o pensamento.

O amor nasceu com a semelhança fundamental do homem com Deus.

O estado de justiça original era o reino do puro amor no homem.

A tentação demoníaca nasceu do ódio

A consequência foi o pecado odiento. 

 

Coelho de Sousa: Do Amor e do Ódio(II)

DSousa, 20.12.06

 

 

Palestras de Domingo

 

Do Amor e do Ódio

 

 

Benavente, escritor de Espanha,
após uma tournée pelas Américas,
publicou, em 1924,
uma série de conferências pronunciadas nessa digressão.

Uma delas intitulava-se:

" A influência do escritor na vida moderna".

A certa altura afirma:

"É triste a condição da humanidade!
Que mais se unem os homens
para competir os seus ódios
que para competirem o amor".

O homem nasceu para o amor.

É por issso que ele sente a fome e a sede de amor
como  uma inclinação vital,
imprescindível.

É do próprio amor que nasce e se propaga a vida.

 

 

Coelho de Sousa: Do amor e do ódio (I)

DSousa, 18.12.06

 


Palestras de Domingo






Do amor e do Ódio











Os dois excertos que encimam esta entrada é que justificam que, nos próximos textos retirados aos cadernos das obras  não-publicadas de Coelho de Sousa, vamos mudar de tema e de forma literária.
Vamos passar da poesia para a prosa.
E vamos passar de temas religiosos para temas mais gerais.
No caso, um tema muito apropriado para a  época natalícia que já se vive: O Amor e o Ódio.
Esta foi uma das razões para a sua escolha.
Mas há outras.
A circunstância de conter a data da sua apresentação no Rádio Clube de Angra: 14-7-1957.
Fica resolvida assim, a dúvida  a que fiz referência no primeiro dos "posts" sobre a "história feita em quadras" e a data das "Palestras de Domingo".
Por aqui, ficamos a saber que foi 1957.
O mês desta palestra sobre o amor e ódio, foi  o de Julho.
Circunstância de muito pouco relevo para um tema que é de todo o ano e de todos os anos.