Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural
Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural
Vai, meu filho, eu te ofereço. Mas irás para a vitória Ungido no meu chorar. Que Deus te leve por bem E te traga brevemente... Não te esqueças de rezar E também de me escrever
Minha mão até à volta. Hei-de escrever e rezar. Hei-de lutar e vencer. Terás orgulho de mim
Deus prometeu e nunca falta. É maré alta. Abriu-se o céu. É a vida que ressalta. Pois Jesus nasceu.
E o Verbo se faz carne e vimos sua glória Cantada pelos anjos lá pelas alturas. A paz voltou à terra. A sua trajectória, Em palhas dum presépio, frias, mal seguras,
Reencontrou o homem certo da vitória. Já pode erguer ao céu as mãos tornadas puras, Rezar: Pai-Nosso, a vida transitória eterna se tornou em ti que sempre duras!
A cruz nos ombros meus, tal como aos ombros dele É sacramento doce que p'ra ti me impele. E eu vivo seduzido num amor tão pulcro
Que, embora saiba o corpo ir ser pó de sepulcro, A vida já não pesa, já não custa nada, Assim ungida a alma e n'Ele sacramentada.
Mas Deus é pai E o pai sempre se dói Sempre perdoa. Correram séculos e assim foi. Atendei, escutai Do resgate o hino posto em loa:
E os séculos foram grãos de muita areia quente ardidos pelo fogo em aras ao céu erguida À mão de Abel, o casto, humilde e são, temente Ou de Caim odioso que lhe tira a vida...
Estrelas que se contam desmedidamente Junto ao cordeiro em monte, vítima devida, E sangue na portada assinalando a gente Que o mar há-de passar a terra prometida.
Água de noite e dia e fogo de Sodoma, Patriarcais suspiros, lutas e espera, Cetro de rei e salmo, iris de dor em soma,
Anseios de profetas abrindo ao futuro o passo e o rumo certo de uma nova era, até que o messias fosse áureo esteio seguro.