Segunda-feira, 7 de Janeiro de 2008
Coelho de Sousa: Natal- A noite e o dia (IV)
(IV)

Não devo rir agora. A noite é feia.
Se a nuvem que a perturba é mais que escura.
Neste degredo a treva me rodeia
Quando o sarmento cresce já não dura.
E rir quando o espírito é secura
De pâmpano partido, a alma afeia.
Rasgue-se noite-velha e lá da altura
Venha dourar palavra a lua-cheia .
Ala de estrelas doze, auxílio mes-
mo a garantir manhã a que me dês.
E tudo então será o meu sorriso.
A noite e o dia brancos em presença
Da luz que me transporta e me condensa
No inefável gozo que preciso.