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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Natal - Sonetos de Expectativa e Consolo (III)

DSousa, 23.12.07





(III)







E toda a noite e o dia como agora
a tua rota e pesca é de milhar.
Podes lançar a rede pela aurora
Ou antes pelo marco do luar...


À esquerda, mais à dextra, borda fora,
A barca é toda tua em verde-mar
A estrela que te guia é sedutora
E podes bem segui-la sem errar ...

Este domínio é puro e grandioso!
Que demandá-lo nunca alguém o ouse
Nem tempo nem intriga hão-de quebrá-lo.


Agora espero só o suavíssimo.
E quero bendizê-lo por isso
À hora que ele vem - missa do galo.


Coelho de Sousa: Para além da última estrela (V e último)

DSousa, 23.11.07



(V)





Entendes quanto fica neste verso
ouvido entre acordes de Beethoven?

É alto e fundo, unido e disperso
o seu sentido eterno, que mal ouvem
os homens deste mundo vário, incerto,
o grito da distância que convém
e sem findar atroa o universo
em lama e treva que se não comovem!

Oh! pródigo da luz, oh! desgarrado,
não cantes mais a letra desse fado
triste. Toca guitarra, exulta e ri alegre.
Herói e santo, de vencida
Hás-de levar a morte. É tua a vida,
bela e feliz. E a vida é só para ti.


Observação: Como se pode confirmar pelo original, Coelho de Sousa colocou a data da escrita deste texto, no seu fim e não a antecedê-lo, como habitualmente fazia. Deste facto só me apercebi depois da sua transcrição para o blogue.





Coelho de Sousa: Para além da última estrela (IV)

DSousa, 21.11.07



(IV)





Areias e estrelas, uma a uma,
serão rosário preso em cadeia
Para rezar  à vida... Nenhuma
há-de faltar ao fogo que a incendeia.

O peito nosso aberto e que se alteia
na chama vertical por que se afirma.

Estrelas são no céu áurea candeia.

Areias são incenso que se esfuma.

E brasa e fumo são nosso fadário
de areias e estrelas em rosário...

O sol será pai-nosso, e mais a lua,
piedosa e doce mãe, Salvé rainha
a quem eu devo e dou a vida minha
a quem darás, volvendo, a vida tua!


Coelho de Sousa: Para além da última estrela (III)

DSousa, 19.11.07



(III)




Não deixes de colher por esse
mundo
O fruto dos teus olhos e teus passos...

A mão aberta em dar e receber
profundo
o que se gera na terra e grana
nos espaços.

Da tua língua e lábios,
esse abismo fundo,
Floresça a fala, o beijo amadureça,
abraços
se cruzem peito a peito em que feliz me inundo
perdido e encontrado num anel de braços.

À porta do palácio fique o tal ferrete
E vá adiante a aura p'ra o banquete.
Na mesa, há pão e vinho que ofertou amor.
Há música de anjos a cantar bem-vindo
E paz e alegria num regresso infindo
da vida assim, meu Deus, que paraíso em flor!



Coelho de Sousa: Para além da última estrela (II)

DSousa, 15.11.07



(II)




Ouviste como soa o violino
no frémito das cordas?

Parece grito são, divino
Que um dia te acordou,
recordas,
do nada que tu eras?

E foi para te dar
alto destino,
amar,
que tu crês e esperas.



Tu sabes como eu:
Não cabe nas esferas
da terra negra e céu
de nuvem breve
a força da evasão
que em nós nasceu.

Para retê-la aqui
qualquer esforço é vão.

Deixa que a graça a leve,
E deixa-te subir, voar.

Que a vida é para ti,
além de tudo...

E o mar
sem horizonte,
em si total, inteiro,
Há-de ser paz e fonte
do teu viver primeiro.




Coelho de Sousa: História em quadras (VII)

DSousa, 18.11.06

 

História feita em quadras

 

Nossa Senhora do ceu,
Um ceu aberto em seus braços.
-O menino já nasceu
Cantam anjos nos espaços.

 

 

Nossa Senhora a embalar
O menino em seu bercinho.
E os pastores a adorar
e os reis pelo caminho...

 

 

Nossa Senhora da estrela
Uma estrela caminheira
Oiro,incenso e mirra bela
Veio de amor feito em fogueira!...

 

 

Nossa senhora do Egipto,
dos desertos e da esfinge
Em seu regaço, o infinito
O ódio vil não atinge.

 

 

Oh! Senhora do regresso
À terra dos nossos pais
Faz que voltem, eu te peço
Quantos foram... não vêm mais!