Sexta-feira, 27 de Outubro de 2006
Coelho de Sousa: Variações sobre o Mar-Espelho (III)
Hoje! Nada tão variável nestes Açores como o tempo!
Na hora em que pesponto na sebenta este dizer, o céu está pesado...
As núvens são de cinza...
E a gente sente em nós coberta a alma em pesadelos fundos...
O ar é saturado de não sei que aroma, estrangulando em ais.
Isto é verão, o sol virá, mas enquanto se demora, dá-nos vontade de gritar alto, muito alto...
Ar! Ar!
Abram-se as janelas das nuvens e deixem-no passar.
Não pode ser cinzento o dia que é de sol,
este domingo em Julho...
Parece estar fechada a terra em círculo de orgulho,
que é vesgo e pesa mais que a cruz...
Um dia assim tem cheiros de cadáver...
E é nossa, muito nossa, a vida...
É muito nossa a luz...
Deixem-na passar!...