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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Da cor do gira-sol

DSousa, 28.10.14

Maria

partiste para o céu da cor do gira-sol

em pleno dia.

E quando

Subias, os teus braços e mais os teus cabelos

eram pérolas voando.

No ar

rescendia perfume dos teus lábios doces e mais do teu olhar!

E eu

mordido de saudade, o teu menino triste, ficava olhando o céu.

E adeus não me disseste. Unidos somos, eu na terra

ainda e tu nos céus..

Maria

que sempre me quiseste como aos teus  e a todos

vem buscar-me um dia.

Até ao grande dia.

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Coelho de Sousa : À Mãe doente

DSousa, 22.10.09

 

 


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Envelheceu-a o sofrimento
Mais que o tempo

E os olhos são espelho

enegrecido em luto.

 

Batendo porta a porta,

a sua fala

é prece e litania esmagadora:

 

Meu filho foi tão novo
para além...

Já não é comigo

Soldado.

Ai o infortúnio de não ter ninguém

que seja amigo mais que vinho e lodo

Que lhe valeu marchar

em continência

levando a fronte erguida

na parada

Se perdeu a vida

em nada?

O pai no catre chora
amargamente

Tal como eu agora

assim doente!

E os outros que eram meus

Que é feito deles

Partiram mesmo rumo, além

Oh! Deus

não me revolto e velo

Mas eu sou mãe

E custa tanto sê-lo

Buscando casa em casa

a rica esmola

que seja amor em brasa
e nos consola...

 

Que Deus vos pague em bem,

Senhor.

Soluça finalmente

a pobre mãe

doente,

em sua dor.

 

 

 

 

 

Coelho de Sousa : Presença

DSousa, 09.07.08

 

 

 

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Presença

 

A minha mãe com saudades

 

 

Minha mãe, não se passa uma hora
Sem me lembrar de ti. Quando medito
Ou choro ou canto aos lábios meus aflora
Teu nome santo, mil vezes bendito.

 

 

Té no momento em que o Infinito
Se incarna em minhas mãos e a alma adora,

Sinto vibrar em mim, imenso grito:
Por tua mãe; agora e sempre, agora!

 

 

Salamanca , Dez.1952

 


 

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Coelho de Sousa: À minha mãe

DSousa, 27.04.08





À minha mãe já velhinha,
mesmo assim de xaile e lenço,
Muito simples, sem vaidade.
Eu tenho-lhe amor imenso...

Olha p'ra mim tão contente
Num olhar embevecido...
Que tudo o mais neste mundo
Parece ter esquecido.


Passa a noite e vem o dia
Com o sol mais os seus brilhos,
Em todo o correr do tempo
Ela só pensa nos filhos...

Mas de todos creio eu,
Sem vaidade nem ofensa,
Para os outros meus irmãos
É em mim que ela mais pensa

E a razão é muito simples.
Funda-se no rico dote
Que lhe fez o Senhor Deus:
Dar-lhe um filho Sacerdote.

Coelho de Sousa: São Versos de Pentecostes (III)

DSousa, 09.04.08








É verdade
que no meio deles, Maria
era alento
era alegria.
Mas o tormento
daquela ausência pesada
Não lhes dava porto a nada.




Quem amansaria o vento
nas águas bravas do lago?
Quem multiplicaria o pão?
Quem chamaria Pedro e Tiago,
E segredos a João
Havia de contar também?

É certo que a consolação
ficava bem prometida,
E Maria era a mãe,
Por quem suspirava a vida...



Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (XVI)

DSousa, 26.03.08




Romance das mães que choram (XVI)



Na mesa do comer está vazio
O prato e o lugar que ele deixou
Com lágrimas nos olhos, sem amparo...

Um coração de mãe, assim quem viu?
Até o pai também o expulsou
Fazendo o mesmo os irmãos!

Que caso raro!

Ainda se ele fora outro pródigo
Ingrato ou perjuro ou malfeitor,
Um revoltado ateu, talvez perdido,
Merecia pesado  o seu castigo

Mas não, pois tinha na alma igual amor
A quanto deles tinha perdido.

Coelho de Sousa: Romance das mães que choram (XIV)

DSousa, 22.03.08




Romance das mães que choram (XIV)







E voltou o seu  menino.

E chorou no seu encontro.
Foram de pranto os seus beijos.
E molhado o seu abraço.

E como a vida não pára
O menino não parou.

Meses depois, era noivo
A casar-se na Igreja.

E a mãe não se conteve
Chorou de novo outra vez.
À despedida. Ao adeus.

E chora ainda que eu sei
quando diz a toda a gente
Sou feliz, ele é feliz
Mas a vida é mesmo assim..

Este mundo é vale de lágrimas
E quem mais chora é a mãe.