Coelho de Sousa : As Mãos
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As mãos! As tuas mãos são um poema heróico e divinal
A palavra aberta em mapa mundi
Onde se cruzam rotas
Que ninguém sulcou.
E os dedos? Filigranas alegóricas,
Olímpicas ogivas em conluio
Para susterem traves que o amor engendra!
As mãos! As tuas mãos parelham decassílabos
rimados como flores em festão deiforme.
A música de um sonho em oratória alada!
A delirante réstia de um luar azul
Falando o gesto nobre duma entrega ideal.
As mãos! As tuas mãos um delta
Que se abriu no mar
da nossa vida assim
raiando o ser de quinta-essência eterna.
E âncora divina em que uma esperança assenta
Nosso regresso e praxe aureolados!
As mãos! As tuas mãos são ninho
em que o amor gerou consolações sem fim
São concha onde bebi felicidade tanta
Que nunca mais quisera o seu frescor deixar.
As mãos! As tuas mãos tocaram minha fronte
E logo foram coroa refulgindo a vida.
E quando um dia as tuas mãos ergueram
meu coração-menino ao céu
O sol eclipsou-se finalmente
E para ti fiquei só eu!
As mãos! As tuas mãos, perdi-as.
As tuas mãos voaram pelo céu além!
Agora vou contando os dias…
De me encontrar de novo em tuas mãos, ó mãe!