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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa : As Mãos

DSousa, 07.07.09

 

 


Atenção: Mais páginas de poesia no
padrecoelho.googlepages.com/

 


 

 


 





 

 

 

 

 

As mãos! As tuas mãos são um poema heróico e divinal

A palavra aberta em mapa mundi

Onde se cruzam rotas

Que ninguém sulcou.

E os dedos? Filigranas alegóricas,

Olímpicas ogivas em conluio

Para susterem traves que o amor engendra!

 

As mãos! As tuas mãos parelham decassílabos

rimados como flores em festão deiforme.

A música de um sonho em oratória alada!

A delirante réstia de um luar azul

Falando o gesto nobre duma entrega ideal.

 

As mãos! As tuas mãos um delta

Que se abriu no mar

da nossa vida assim

raiando o ser de quinta-essência eterna.

E âncora divina em que uma esperança assenta

Nosso regresso e praxe aureolados!

 

As mãos! As tuas mãos são ninho

em que o amor gerou consolações sem fim

São concha onde bebi felicidade tanta

Que nunca mais quisera o seu frescor deixar.

 

As mãos! As tuas mãos tocaram minha fronte

E logo foram coroa refulgindo a vida.

E quando um dia as tuas mãos ergueram
meu coração-menino ao céu

O sol eclipsou-se finalmente

E para ti fiquei só eu!

 

 

As mãos! As tuas mãos, perdi-as.

As tuas mãos voaram pelo céu além!

Agora vou contando os dias…

De me encontrar de novo em tuas mãos, ó mãe!

 

 

 

Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(XII e último)

DSousa, 05.05.07


As nossas mãos... e as Dele.








As mãos divinas no horto...

As mãos divinas na cruz

São as mãos de Cristo morto.

Por três dias foi-se a luz
Que há-de vir no dia grande
E serão no dia eterno
Mãos de Deus na eterna Glória...






E nada mais... minha alma!

Agora podes falar...
Pois é tempo de eu calar
este programa de vida.



O que me digas a mim...
ninguém o há -de saber
Os segredos que me dizes
morrem quando eu morrer...


As nossas  mãos e as Dele...
As nossas mãos e a vida!
A vida que é para ti
E não podemos perder!




Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(XI)

DSousa, 03.05.07

As nossas mãos... e as dEle







Fazem negócio no Templo
de toda a sorte os ladrões.
Em suas mãos o azorrague
fulminando os vendilhões...




E as tempestades no lago
Quebram leme, rasgam velas...
E as suas mãos afago
fazem brilhar as estrelas
no sorriso da bonança...


Sentam-se à mesa estas mãos,
A tomar o pão e o vinho,
E numa benção traçada
já do pão não resta nada
a não ser a sua alvura
e sabor...

E do vinho outra doçura
se acoberta em sua cor...

É a doçura de Cristo...




Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(X)

DSousa, 01.05.07


As nossas mãos... e as dEle...








Há surdos para o ouvir...
E os ouvintes perceberam
A verdade que esperavam!




Há coxos para o seguir
Mas não se podem mexer...
Das suas mãos uma benção
Que logo os põe a mover!



Mortos de há tempo e do corpo,
Mortos da alma e da vida,
Anseio a ressurreição
Na graça da sua mão!






Madalena arrependida
E a mão no ar que abençoa...
O poço da eterna vida
na concha das suas mãos...




Eis  filho no regresso
E as mãos do pai que o abraçam...
Gentes que morrem de fome
E os pães multiplicados
No poder das suas mãos...




Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(IX)

DSousa, 29.04.07


As nossas mãos e as dEle.







Minhalma, escuta
ainda
Uma história
mais linda,
As mãos dEle...





Deitadinho sobre as palhas,
Tem o milagre nas mãos,

Mãos de menino que é Deus.

Criaram anjos e céus,
Os animais e as flores,
O mar, o vento e fulgores
Que o Sol expande brilhante...

As mãos de Jesus Infante!...





Esse madeiro pesado
Feito agora nem arado

Que vai a gleba rasgar...
Fê-lo um jovem singular
Que sabe mais que os doutores
Que David, rei dos poetas
E que todos os profetas...

As suas mãos de milagre.

Os cegos querem-no ver...
As suas mãos lhe tocaram
E rasgou-se o seu olhar!


Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(VIII)

DSousa, 27.04.07

As nossas mãos





São os escritos das mãos,
que fazem livros
e arquivos!

E são as pedras que as mãos
acarretaram nos  séculos
que fizeram cidades
e comodidades
da civilização...


Mão estendida na esmola
Para dar e receber...

Mãos trabalhosas na vida
para a vida não morrer!


A vida é para ti...




Minh'alma tinha razão
de te pedir o silêncio
para ouvires o que a mão
do homem pode fazer...

Quem dera
que não fizera
a mão do homem o mal...

Mas escuta... o que já sabes

A  história
anda tão cheia
como as praias
são de areia
de tanto mal
e vileza...



Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(VII)

DSousa, 25.04.07



 As nossas mãos







Dizem adeus ao partir;
Ao voltar elas abraçam...

 

Fazem cadeias de amor
No amor com que se enlaçam
Serei tua, meu senhor,
Serei teu eternamente!

 

 

 



E os arcos das ogivas
Guindados para as alturas
Tiraram linhas de graça
Nas linhas das nossas mãos
Quando postas a rezar...

 

 


 

Grão de trigo loiro e lindo,
Quem te trouxe ao meu celeiro?


Foi a mão de quem primeiro

o lançou à terra fértil?
E, depois, o lindo grão
é moído e já é pão,
por milagre desta mão
Em que os dedos são os raios
de um sol de amor a brilhar!

 

 

 


Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(V)

DSousa, 21.04.07

As nossas mãos

 

 

 

 

 

Andas sumido, esquelético
Mas que mal te sucedeu,
Menino?


Tinha guardada no bolso
a sombra densa das mãos
Que perdeu
logo ao romper da aurora
quando nasceu...


E agora
O seu destino
É comer
pelas mãos que não são suas!...

 

 

 

 

 


Mas porque choras, senhora,
se a criança é tão bonita...
É um retrato da mãe...
Que dita,
Nem é menino ou menina...
É um anjo!...


Mas por que chora
senhora?

 


Coelho de Sousa: As nossas mãos... e as d'Ele...(IV)

DSousa, 19.04.07

 

As nossas mãos




Enferrujada,
Esquecida,
Já não diz nada,
Já não tem vida
aquela enxada...
abandonada!...



Porquê?
ouve minhalma
este lamento
que nem o tempo
e o dinheiro
hão-de calar:


Senhor ! Senhor!
E já não pode cavar
com meu amor
as minhas mãos...
as minhas mãos...que não tenho
Que horrível tormento...
O meu lamento...
É não ter mãos