Coelho de Sousa: Dobra o Sino
DSousa, 21.02.08
Dobra o sino...
Dobra o sino a finados, dia e noite e mês
Num toque de plangência dolorida e atroz.
E ouço e vejo nele o eco duma voz
Que é nossa, meus irmãos, é minha e de vocês;
Dos que se foram ontem, tão longe de nós
De quantos vão agora ou amanhã talvez,
aquele toque triste a soma toda fez
e na saudade amarga da minha alma pôs.
E eu conto as badaladas em milénios de anos
eternizados lá mas sem conter enganos
que as contas deste dia aqui possam levar...
Dobra o sino a finados, mortos em colheita:
à esquerda os sem memória, eleitos à direita.
E eu em qual dos lados me hei-de encontrar?