Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: Do Mar e da Saudade (II)

DSousa, 29.01.08


Atirei pedras ao mar
Sem o mar me fazer mal.
Quanto mais pedras atiro
Mais o mar se fica igual.

Quantas pedras atirei
Todas se foram ao fundo.
Só não lhes posso atirar
Pedras que me atira o mundo...


Neste jogo de pedrada
Cada pedra cai na água.
Umas  caem sobre o mar
Outras nas ondas da mágoa.


Mas o mar é sempre o mesmo
Por mais pedras que a onda leve.
Porém, eu, de tanta pedra
Sinto já a vida breve.

Coelho de Sousa: Variações sobre o Mar-Espelho (IV)

DSousa, 29.10.06
E vou abrir os braços à janela...
Ai! a cor azul !  
É ela...
Titubeante e frágil,
esmaecida em gris,
a cor azul no mar...
que ontem era cristalino e puro
transparente e subtil.
O mar! Oh! mar ! O mar!
E sem querer eu ouço-me cantar:
Quebram-se as ondas verdes,
uma a uma,
contra o rochedo forte que as possui
Entre lençois de espuma...
A praia, abandonada, empalidece
E tudo à sua volta se dilui
Num fundo azul de prece...
 
O mar canta saudades sobre a areia
E sem mesmo saber como explicar
Encontro-me a falar de certa ideia
Sózinho, como um louco, à beira-mar.

Tanto espaço vazio! É tempo de construir;
Quero esculpir no bronze e modelar na lama
Viver não é passar e é mais do que existir
É ser uma centelha a refulgir na chama!

Coelho de Sousa: O Mar e a Dor (III)

DSousa, 09.10.06

 

O Mar e a Dor (III)

 

E o mar guardava segredos
Como escondia procelas,
Pois não dizia aos rochedos
O seu amor às estrelas...
 
Oh! mar imenso! Oh! mar lindo
Quem poderá celebrar
O teu encanto infindo
Que a mim me faz encantar!
 

 
Mas o milénios rodaram
E aumentaram suas águas,
Suas ondas se salgaram
dos nossos prantos e mágoas
 
E já do céu as estrelas
Não desciam para o banho
Pois vieram as procelas
Mais o dilúvio tamanho.