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ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

ÁLAMO ESGUIO

Tributo à memória e à obra religiosa, artística e cultural do P.e Manuel Coelho de Sousa (1924-1995), figura cimeira da Igreja e cultura açoriana do século XX, como padre, jornalista, poeta, professor, orador, escritor,dramaturgo e animador cultural

Coelho de Sousa: O Peregrino (XVI)

DSousa, 08.08.07

                O Peregrino


                   (XVI)






Ouvinte açoriano:
Perdoa se te fiz sofrer
com este enigma...

Já vais saber
quem era o peregrino:

Foi S. Jerónimo, doutor

e o seu destino
foi pôr em latim, o amor
que Deus inspirou e se escreveu
em toda a Bíblia...

S. Jerónimo
que os artistas pintaram
batendo a pedra no peito.

S. Jerónimo eleito
para o amor e a vida
que, embora o corpo perfeito,
traz a alma subida
na glória eterna de Deus!


Coelho de Sousa: O Peregrino (XIV)

DSousa, 04.08.07

     

      O peregrino


            (XIV)







A marcha triunfal
atinge o seu final.
E leão
que traz de amor em brasa o coração
Vai inclinar de Mauro a cabeça...

Melhor... muito melhor...

O mundo já começa
a ler, a saborear
as gotas de suor
as lágrimas de sangue
Que ele exangue
deixou no livro em aberto...

Agora toda a gente sabe as rotas
largas do deserto...

E o grande peregrino
vai subir à glória
do seu destino...
Cantar vitória
junto ao Senhor...



Coelho de Sousa: O Peregrino (XIII)

DSousa, 02.08.07


             O peregrino



                 (XIII)







Belém! Belém!
Aqui parou a sua estrela...
Aqui se ergueu a cela...


Devora as escrituras
Às claras e às escuras,
estuda, estuda sem cessar...

A vida a mais de meio.
Mas quando a mão cansar
e se acabar a vida,
há-de ficar cumprida
a jura
de beber na fonte de água pura
a letra da Escritura,
que há-de ser a Vulgata...



Coelho de Sousa: O Peregrino (XII)

DSousa, 31.07.07


             O Peregrino


                  (XII)









E Roma eterna recebeu
Com palmas e festões
e mil carinhos
O peregrino dos caminhos
do saber de Deus!


E o Papa lhe mandou
rever a Bíblia...
E também a inveja
com a vil perfídia
o martirizou...
E até dentro da Igreja
o mal o perseguiu.

Jurou... Jurou...
Cumpriu...
De novo peregrino,
diz adeus a Roma, e fugiu...
para não voltar..




Coelho de Sousa: O Peregrino (XI)

DSousa, 29.07.07

              O Peregrino


                   (XI)








É peregrino... o herói...
Voltou para as cidades.
E a Constantinopla, um dia também foi...





Aqui Gregório Nazianzo
erudição a par
E ele o peregrino
que não traz destino
aceita o seu pensar
e abre ao Ocidente
tesoiros de saber
guardados nos infólios do Oriente...


Um Papa Lusitano reina em Roma,
E todo o mundo sabe já a soma
de quanto o peregrino aprendeu.






Coelho de Sousa: O Peregrino (X)

DSousa, 27.07.07

    O Peregrino

         (X)






É mesa de escrever, a pedra.
É cama de dormir, a pedra.
O travesseiro é pedra.
E pedra... a pedra de bater no peito...

Que é negro o corpo e já desfeito
 em tanto sacrifício e dor.
E, no entanto, a carne engendra
em mal a tentação...

O coração
está no ceu...
Somente a doida imaginação
não envelheceu
e lembra o lupanar de Roma
e quanto aroma
embriagou a   juventude,
mau grado as juras de virtude...

Coelho de Sousa: O Peregrino (IX)

DSousa, 25.07.07

       O Peregrino


             (IX)







E novamente a jura...
Essa paixão de ler...
Compreender a Escritura.

Jesus,
o Verbo ardente
que deixaste à gente
em páginas de lume
há-de ser perfume
em letras de latim.

É muito para mim
que eu não valho nada
mas hei-de ser o tradutor
do teu amor,
no Ocidente...

À fonte, à tua língua amada
hei-de ir beber profundo
e há-de, depois, ir comigo... o mundo.

Serei o tradutor
do teu amor
no Ocidente...




Coelho de Sousa: O Peregrino (VIII)

DSousa, 23.07.07

             O Peregrino



                    (VIII)







Além de Antioquia...
Além do mundo aberto
a todo o mal...
Além naquele deserto
A vida monacal,
De Deus na companhia.



Jardins de sua casa,
e lauta a sua mesa
e o lume que abrasa.
As letras e a grandeza,
tudo foi embora...

Agora
é outra a sua paixão
sonhar... e escrever
na solidão
doce viver
de Paulo e Marco e Hilarião




Coelho de Sousa: O Peregrino (VII)

DSousa, 21.07.07

             O Peregrino



                   (VII)







E ele... foge... foge...
Há pedradas pelo ar...
Não o querem no seu lar
os irmãos do Lupicino...

Mais longe. Muito mais longe...
Pois é este o teu destino!


E foi...É cumprido o juramento.
Não há caminho nem tempo
que se não possa vencer...



Aqui Atenas!
E não apenas
O velho Partenon e mais o Areópago.
É peregrino
e o seu destino
será bem pago.